Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2024
Guilherme Dadda, presidente do Instituto Atlantos
Foto: DivulgaçãoEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A Curva de Laffer é um conceito simples, mas essencial para entender o impacto dos impostos sobre a economia. Imagine uma linha que mostra como a arrecadação do governo varia conforme os impostos aumentam.
No começo, conforme a carga tributária cresce, a arrecadação também sobe. Mas, a partir de certo ponto, o efeito se inverte: impostos altos demais desanimam empresas e trabalhadores, que passam a investir e produzir menos. Resultado? A arrecadação do governo começa a cair, mesmo com impostos mais altos.
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece ignorar essa máxima. Na busca incansável por fechar o rombo nas contas públicas, ele tem implementado uma série de aumentos de impostos, como a reoneração do diesel e a taxação de offshores, entre outras medidas. Mesmo com uma das cargas tributárias mais altas do mundo, que já consome cerca de 34% do PIB, o governo continua buscando novas formas de “morder” a população. Mas, como mostra a Curva de Laffer, esse caminho está fadado ao fracasso.
A cada novo imposto, o setor produtivo sente o peso e desanima: menos empresas investem, menos empregos são criados e menos riqueza é gerada. Ao invés de impulsionar o crescimento, o governo acaba sufocando a economia, em um ciclo vicioso de crise fiscal e baixo crescimento. Em vez de incentivar o setor privado a produzir mais, Haddad opta por uma estratégia que desestimula a atividade econômica, correndo atrás de uma arrecadação que nunca será suficiente, pois os gastos do governo são enormes e continuam crescendo.
Um exemplo claro das consequências de impostos excessivos é a França. Em 2012, o governo francês elevou o imposto de renda para 75% sobre os rendimentos acima de 1 milhão de Euros e 45% acima de 150 mil Euros, numa tentativa desesperada de aumentar a arrecadação. O resultado, no entanto, foi o oposto: em poucos anos, a arrecadação caiu e o país viu uma fuga de investimentos e de talentos.
Um dos casos mais notórios foi o do ator Gérard Depardieu, que optou por mudar-se para a Rússia para evitar a alta carga tributária. Assim como ele, diversos empresários e profissionais deixaram o país, reduzindo a base tributável e comprovando na prática o efeito inverso que a Curva de Laffer prevê.
A verdadeira solução para o problema fiscal do Brasil não está em mais carga tributária, mas em atacar a raiz do desequilíbrio: os gastos públicos descontrolados. O país precisa urgentemente de uma reforma administrativa e de uma reavaliação orçamentária que corte privilégios, reduza desperdícios e foque em eficiência.
Além disso, é essencial criar um ambiente que incentive a atividade econômica, reduzindo a burocracia e as barreiras para o setor produtivo. Apenas com uma economia que cresce de forma sólida é possível gerar arrecadação sustentável, fortalecer o emprego e promover prosperidade. Sem as mudanças estruturais necessárias, qualquer tentativa de arrecadação será como tentar encher um balde furado.
Movidos somente por ideologia e incapazes de reconhecer seus enganos, Haddad e o governo Lula continuam ignorando os princípios fundamentais da lógica econômica e acelerando com o pé no fundo em direção ao que não funciona. E nessa velocidade, só espero que não nos percamos na curva (de Laffer).
*Guilherme Dadda
Presidente do Instituto Atlantos
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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