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Perguntas sobre capacidade cognitiva, pressão para desistência da candidatura à reeleição e Donald Trump: as respostas de Joe Biden durante entrevista decisiva

“Eu não acho que há outra pessoa mais qualificada para ser presidente ou vencer essa corrida do que eu”, disse Biden em entrevista. (Foto: Reprodução)

“Está tudo bem com a campanha, o debate foi apenas uma noite ruim, as pesquisas de intenção de voto que mostram Donald Trump na liderança estão erradas”. Essas foram algumas das declarações feitas por Joe Biden. O presidente usou os 22 minutos de entrevista, que é a primeira televisionada durante a campanha, para tentar acalmar os seus apoiadores após o mal desempenho no debate.

A entrevista exclusiva ao âncora da rede americana “ABC”, George Stephanopolus, foi ao ar sem cortes na noite desta sexta-feira (5). Ao ser questionado se aceitaria fazer um teste cognitivo e divulgar o resultado, Biden deu a entender que o cargo de presidente já requer essa habilidade: “Eu faço um teste cognitivo todos os dias”, afirmou.

Quando o assunto foi a capacidade de derrotar Trump, Biden respondeu: “Eu não acho que há outra pessoa mais qualificada para ser presidente ou vencer essa corrida do que eu”. E sobre desistir da campanha o recado foi claro: “Só se o Deus todo poderoso descer e falar: ‘Joe, sai da corrida’. Ele não vai descer”.

A calma de Biden na entrevista contrasta com o que acontece nos bastidores. Os deputados do partido do presidente vão se reunir para discutir o futuro da candidatura do democrata.

Fontes disseram à imprensa americana que o grupo está disposto a preparar uma carta e pedir, formalmente, para que Biden desista da tentativa de reeleição. Quatro deputados defendem que Biden siga o exemplo de Lyndon Johnson em 1968 e desista da reeleição, o senador Mark Warner está, segundo o Washington Post, tentando formar uma aliança parlamentar para pedir que ele saia da disputa, doadores suspenderam os repasses até que um novo nome fosse anunciado e discussões sobre quem o substituiria ganharam corpo.

Nesta sexta-feira, a governadora Maura Healey, de Massachusetts, disse que o presidente deveria avaliar se ainda é a melhor opção para enfrentar Trump em novembro, na primeira declaração do tipo vinda de uma chefe de governo estadual.

Momento crucial

Em tempos normais, a entrevista a George Stephanopoulos na ABC seria considerada mais uma de uma longa série de declarações à imprensa da carreira política de Biden, e uma chance de ter espaço em uma campanha que promete ser a mais difícil de sua vida. Mas as circunstâncias tornaram a participação um dos momentos mais cruciais da corrida eleitoral. Como sugeriu uma antiga aliada de Biden, a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, boas aparições na TV, com respostas concisas e sem um script, poderiam recuperar ao menos parte da confiança do eleitorado no democrata.

Segundo pesquisa realizada imediatamente após o debate da quinta-feira passada, realizada pela CBS News, 72% dos eleitores registrados – o voto não é obrigatório nos EUA – declararam que o presidente não tem condições mentais e cognitivas para exercer o cargo, embora médicos da Casa Branca digam o contrário. Entre os eleitores democratas, 46% dizem que ele não deveria concorrer contra Trump em novembro, e a idade de Biden (86%) foi o fator mais citado.

Uma outra sondagem, divulgada pela CNN na terça-feira, apontou que 75% dos entrevistados acreditam que um novo nome na chapa democrata melhoraria as chances do partido derrotar Trump. Harris, ao ter o nome ventilado, teve um desempenho melhor do que o de Biden contra o republicano.

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