Peritos concluíram que ossos encontrados junto a roupas femininas em área de mata fechada na cidade de São Leopoldo (Vale do Sinos), há duas semanas, são da advogada Alessandra Dellatorre. Ela desapareceu em 16 de julho de 2022, aos 29 anos, após sair da casa da família para caminhar na avenida Unisinos, próximo à divisa com Sapucaia do Sul.
O velório será realizado a partir das 10h desta quarta-feira (19) no Cemitério Ecumênico Cristo Rei. Já o sepultamento está marcado para as 15h, no mesmo local.
Os restos mortais foram descobertos por militares durante trabalho de limpeza na área, próxima ao muro de um quartel do Exército. Em coletiva de imprensa nessa terça-feira (18), o diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana, o delegado Rafael Pereira, relatou que a ossada não apresentava fraturas ou outros sinais de violência. Por enquanto, nenhuma hipótese está descartada.
Questionado por jornalistas sobre o fato de o corpo não ter sido encontrado ao longo desses quase 24 meses mesmo estando próximo a uma instalação militar, Pereira mencionou aspectos como o difícil acesso ao local – nos dias seguintes ao sumiço, bombeiros com o auxílio de cães farejadores não encontraram nada que levasse ao encontro da desaparecida. A Polícia Civil estendeu as buscas a cidades próximas, também sem sucesso.
Diretor-adjunto do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Maiquel Santos também se manifestou. Segundo ele, o laudo aponta a causa do óbito como “indeterminada”. O ambiente onde estava a ossada também não continha indícios da presença de outras pessoas durante ou após o falecimento de Alessandra.
Inquérito
Um inquérito foi aberto, na tentativa de se elucidar o caso. Dentre as questões que intrigam a Polícia Civil está o motivo pelo qual a advogada ter ingressado em uma região erma, algo que não fazia durante suas caminhadas regulares. Há, porém, um fato que chamou a atenção do IGP.
No dia em que Alessandra sumiu, imagens de câmera de segurança instalada em um dos pontos do trajeto percorrido a pé mostraram a mulher jogando no lixo uma garrafa plástica. O pai dela notou o fato, recolheu o recipiente e entregou à Polícia.
Análises acabaram revelando (mesmo com o interior da garrafa já seco) a presença de traços de bebida estimulante à base de cafeína, além de traços de medicamento para Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Essa combinação motivou os investigadores a cogitarem a possibilidade de que a advogada tenha passado mal. Mas ainda não há uma conclusão nesse sentido.
Família
Ainda na esperança de encontrar Alessandra Dellatorre com vida, familiares chegaram a veicular em setembro do ano passado uma mensagem em outdoor na área central de São Leopoldo. Fotos da advogada e um telefone para contato reforçavam o apelo pela sua localização.
Eles também contrataram um investigador particular, recorreram a voluntários para percorrer a região. Com a aproximação dos dois anos de sumiço, outra iniciativa foi o oferecimento de uma recompensa de R$ 15 mil por pistas capazes de levar ao paradeiro dela.
(Marcello Campos)