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Política Perícia em celular revela única preocupação do ex-ministro da Justiça no dia 8: “Não deixe chegar no Supremo”

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Ex-ministro de Bolsonaro está preso desde 14 de janeiro em um quartel da Polícia Militar de Brasília. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

“Não deixe chegar no Supremo.” Essa foi a única ordem do então secretário de Segurança do Distrito Federal (DF), Anderson Torres, ao seu substituto, o delegado federal Fernando de Sousa Oliveira, no dia 8 de janeiro. Torres está preso preventivamente na investigação sobre os atos extremistas por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A mensagem foi enviada às 15h56min, quando os manifestantes radicais já haviam subido a rampa do Congresso Nacional.

A conversa foi encontrada na perícia feita pela Polícia Federal (PF) no celular de Oliveira, que assumiu interinamente a Secretaria de Segurança dias antes dos protestos extremistas na Praça dos Três Poderes para cobrir as férias de Anderson Torres. Ele entregou o aparelho espontaneamente aos policiais.

O relatório da perícia foi enviado na quinta-feira (9), ao Supremo Tribunal Federal (STF). O documento descarta que o secretário interino tenha sido omisso ou conivente com os radicais.

“O delegado Fernando de Sousa Oliveira realizou o acompanhamento e monitoramento dos fatos em torno dos dias que antecederam a manifestação; solicitou dados e informações adicionais aos seus comandados da SSPDF; repassou as informações, planejamentos e estratégias adotadas ao Governador do DF; e, no que foi possível, tentou gerir de forma ativa, inclusive estando in loco, a atuação da SSPDF e dos órgãos a ela subordinados, a partir do momento em que se acirraram os ânimos dos manifestantes que chegaram à Esplanada dos Ministérios”, registra o relatório.

As mensagens extraídas também apontam que, dois dias antes dos protestos, a subsecretária de Operações Integradas do Distrito Federal, Cíntia Queiroz de Castro, tranquilizou Oliveira sobre a preparação das forças de segurança. “Vai dar certo doutor”, escreveu em referência aos protestos previstos. “Estamos tão acostumados a fazer que já sabemos como agir”, garantiu.

O relatório de análise de mídia está no inquérito que investiga possível omissão de autoridades públicas no impedimento dos atos de vandalismo praticados no dia 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes da República.

Em 3 de fevereiro, durante o depoimento, Torres disponibilizou à Polícia Federal (PF) o acesso aos arquivos do celular (nuvem) e também afirmou que pode entregar todos os seus sigilos desde telefônico, bancário ao telemático, que protege a troca de mensagens do celular. Torres colocou também seu passaporte à disposição.

Sobre o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha, a PF concluiu ainda que, “pela análise da mídia disponível, considerando todo exposto, de forma cronológica, a investigação não revelou atos do governador Ibaneis em mudar planejamento, desfazer ordens de autoridades das forças de segurança, omitir informações a autoridades superiores do governo federal ou mesmo de impedir a repressão do avanço dos manifestantes durante os atos de vandalismo e invasão”.

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