Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de março de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Acompanho, com certo método, o que escreve boa parte dos articulistas brasileiros. E todo o santo dia me surpreendo com as pérolas que alguns deles produzem em seus espaços.
Um dos meus favoritos – neste caso para me afastar o mais distante possível dos seus conceitos e cometimentos – é Vladimir Safatle (Folha de São Paulo). Safatle é professor da USP e petista, uma combinação de alta voltagem. Gosto mais quando ele escreve sobre filosofia, porque não me incomodo muito: simplesmente não entendo o que ele quer dizer. Safatle é daqueles que escrevem difícil, enviesado, cheio de empolações, para aparentar profundidade e erudição.
Em artigo recente ele partiu para uma tarefa ousada: defender o populismo. É preciso muito estofo para tal. E disto Safatle não dispõe. Para ele, entre outras virtudes, o populismo expressa a posição política dos que “insistirão na refundação institucional da democracia”. Populismo é “uma forma de integração das massas ao processo político da construção do ‘povo’ como agente” .
Deduz-se, então, que a democracia que aí está não serve, precisa ser refundada. Democracia, então, não é o pacto do povo, decidido em instância legítima, eleita pelo voto popular, deliberando sobre as funções do Estado, os limites do poder, os direitos humanos, individuais e sociais, o sistema tributário. Não é para ser reformada e aprimorada, no tempo histórico, no consenso possível dos concidadãos. Democracia é o que ele acha que é democracia. Ele quer uma democracia de encomenda, só para si, uma democracia para chamar de sua.
Já o venerando Jânio de Freitas está cada vez mais resoluto nos seus equívocos. Também da Folha, em artigo da semana passada, defende duas teorias exóticas. A primeira é a de que, sem Lula, as candidaturas de Jacques Wagner e Fernando Haddad, como alternativas, foram habilmente induzidas ao PT pelo campo conservador. E a outra, em que elogia José Pedro Stédile (MST) e Guilherme Boulos (Movimento dos Sem Teto), e defende que o PT e as esquerdas devam cogitar de tais nomes para disputar a eleição presidencial, se Lula for impedido.
Sempre achei que Jânio, a julgar pelo que costuma escrever, tem um certo enfado de viver no Brasil e de ser brasileiro. Mas um jornalista veterano, membro do Conselho Editorial da Folha, quando sugere Stédile ou Boulos para a presidência é porque não foi vacinado contra a febre amarela.
O caso de Laura Carvalho (FSP) é diferente. Trata-se de um talento precoce – é mais jovem – para escrever bobagens, daquelas que causam rubor na face de quem lê. A análise que ela faz do enredo da escola de samba Paraíso do Tuiuti, no Carnaval do Rio, é uma primorosa antologia de clichês ideológicos, um desfile de conceitos submarxistas, adquiridos na leitura superficial de orelhas de livro. Segundo ela, o enredo da Tuiuti é que vai pautar o debate eleitoral no Brasil. Nada de ficha limpa, Lava-Jato, essas ninharias. No texto, usa cinco vezes as expressões “escravidão”, “elite escravagista”, “escravo”. Ou seja, no mundo em que Laura vive, o problema do Brasil é a persistência da escravidão.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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