A grande maioria dos brasileiros é a favor de algum tipo de restrição ao uso de celular dentro das escolas, segundo uma pesquisa da Nexus. Dos mais de 2 mil entrevistados, 86% disseram ser contrários à utilização irrestrita dos aparelhos no ambiente escolar, sendo 54% a favor da proibição total e 32% de que o uso do celular só deve ser permitido em atividades didáticas e pedagógicas, com autorização prévia do professor.
Só 14% dos brasileiros são contrários às medidas debatidas atualmente no Congresso e na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Em âmbito nacional, um projeto de lei (PL) já passou pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde deve ser analisado se é constitucional. Depois, seguirá para o Senado. Já em São Paulo, um PL está previsto para ser votado na próxima terça-feira, 12.
A visão positiva dos brasileiros sobre a ideia de proibir celulares nas escolas se reflete no cenário político, em que os projetos de lei que tratam do tema têm tido tramitação ágil e recebido consenso tanto nas alas conservadoras, quanto entre os progressistas.
Prejuízos
Os prejuízos à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças e adolescentes causados pelo celular têm sido demonstrado em pesquisas, segundo as quais o aluno pode levar até 20 minutos para se concentrar novamente no que estava aprendendo depois de usar o celular para atividades não acadêmicas. Um relatório da Unesco, órgão das Nações Unidas, que compilou estudos que relacionam o uso de celulares e os resultados educacionais em 14 países, concluiu que os efeitos são negativos, com impacto principalmente na memória e na compreensão.
Ainda segundo a pesquisa da Nexus, enquanto entre os jovens de 16 a 24 anos, 43% veem a proibição parcial como a melhor alternativa, essa opção é menos escolhida nas faixas etárias de 41 a 59 anos e acima de 60 anos (27% e 32%, respectivamente). A percepção reflete não só a idade, mas a condição sócio econômica – quanto mais alta a renda, mais pessoas são favoráveis à proibição. Apenas 5% da população com renda superior a cinco salários mínimos disseram ser contrários à proibição, contra 17% que ganham até um salário mínimo. Já entre os mais ricos, 67% acreditam que os celulares deveriam ser totalmente proibidos, diante de 54% dos brasileiros em geral.
“À medida que avança o debate sobre a imposição de algum tipo de restrição, fica clara a tendência das pessoas de aprovarem a medida. Isso é um sinal claro de que há forte preocupação dos pais, dos próprios alunos e também da população em geral com o tema, caso contrário não teríamos 86% de aprovação à alguma medida. Há uma clara percepção de que algo deve ser feito para evitar o uso excessivo de celulares nas escolas”, afirma o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski, que chama atenção também para o fato de não haver diferença de opinião entre quem convive ou não com crianças em idade escolar.
Foram entrevistados 2.010 cidadãos com idade a partir de 16 anos, nas 27 Unidades da Federação. A margem de erro no total da amostra é de 2 pontos porcentuais, com intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram realizadas entre os dias 22 e 27 de outubro deste ano.