Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de agosto de 2020
Relatos de sintomas de ansiedade e depressão aumentaram durante o isolamento social
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO estudo Prospective Study of Mental and Physical Health, da Escola Superior de Educação Física da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), avaliou os efeitos da pandemia de coronavírus na saúde física e mental dos gaúchos.
Entre os dias 22 de junho e 23 de julho, pessoas acima de 18 anos, de todas as regiões do Rio Grande do Sul, foram convidadas, por meio das redes sociais, a participar da pesquisa. Elas responderam a um questionário on-line contendo perguntas referentes à prática de atividades físicas, dor lombar, sintomas de ansiedade e depressão, assim como o acesso a serviços de saúde.
Foi observado que 39% dos participantes não conseguiram trabalhar em casa de forma remota durante a pandemia. 44% relataram uma redução dos rendimentos mensais desde o início das medidas de distanciamento social. Entre esses, 41% relataram uma redução de pelo menos 50%.
A prevalência de inatividade física encontrada no Estado durante a pandemia foi de 74,5%, onde 46,9% dos participantes que já eram inativos no período pré-pandemia mantiveram esse comportamento ao longo das medidas de isolamento social.
Dor lombar foi reportada por 74,2% dos participantes, sendo que 63,6% já tinham apresentado isso previamente à pandemia. Um aumento na intensidade da dor foi observado em 44,6% dos participantes. Ainda foi registrada uma queda de 50% em relação à busca de tratamento para dor lombar. Pessoas que se tornaram ou se mantiveram inativas apresentaram maior probabilidade de ter dor lombar durante a pandemia.
O relato de sintomas moderados a grave de ansiedade e depressão aumentaram 8,4 e 7,3 vezes, respectivamente, desde o início do distanciamento social. Mulheres, pessoas com doenças crônicas e participantes que relataram redução dos rendimentos mensais durante a pandemia apresentaram maior probabilidade de apresentar esses sintomas.
Aqueles que começaram a praticar atividades físicas durante a pandemia, assim como aqueles que já praticavam, tiveram menor probabilidade de relatar sintomas moderados a grave de ansiedade e depressão durante o mesmo período.
Também foi observado que mais da metade dos participantes (56,9%) tinham o diagnóstico de alguma doença crônica, como depressão (18,5%) e hipertensão (14,3%). Dois em cada três participantes relataram que as medidas de distanciamento social estiveram associadas à manutenção ou melhora no controle de doenças crônicas.
O uso regular de medicamento foi relatado por 57,9% dos participantes, e 17,9% relataram que não conseguiram ou que o acesso à medicação foi mais difícil. O serviço de saúde presencial foi o mais usado (83,3%), e 42,2% afirmaram ter desistido de procurar atendimento médico presencial mesmo quando necessário. O medo de contrair o novo coronavírus foi o principal motivo relatado para não buscar atendimento médico presencial.
Segundo a UFPel, os resultados da pesquisa “salientam a importância de monitorar a saúde física e mental, tal como o controle de doenças crônicas durante a pandemia de Covid-19 no Rio Grande do Sul. Dessa forma, torna-se importante informar os órgãos competentes para que estratégias para mitigar os efeitos da pandemia nesses desfechos sejam desenvolvidas”.
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