A atual vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, candidata à Presidência pelo Partido Democrata, tem vantagem sobre o republicano Donald Trump em três regiões consideradas decisivas para vencer as eleições de novembro. Novas pesquisas de intenção de voto divulgadas no sábado (10) mostram a candidata à frente por uma margem de quatro pontos percentuais, 50% a 46%, em Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, três estados populosos do Centro-Oeste do País.
Os dados, encomendados pelo The New York Times e pelo Siena College, invertem os resultados das pesquisas anteriores nos estados que, durante quase um ano, mostraram Trump empatado ou ligeiramente à frente do presidente Joe Biden, democrata que antecedeu Harris na candidatura. Os resultados apontam, pela primeira vez, que Kamala está à altura de Trump na disputa e está revertendo a distância que o magnata havia alcançado desde a renúncia de Biden.
A notícia, é claro, não agradou o candidato republicano. Em comunicado, a equipe de campanha de Donald Trump questionou a confiabilidade desse tipo de pesquisa, afirmando que são publicadas “com a evidente intenção e o objetivo de reduzir o apoio ao presidente Trump”.
Carlos Poggio, professor do Departamento de Ciência Política do Berea College, em Kentucky, afirma que essa talvez tenha sido a pesquisa mais importante divulgada até agora. “O que a gente tem é uma mudança significativa no cenário eleitoral. Mudou completamente o clima da campanha. Tem essa mudança de Trump, que agora está na defensiva em certa medida e os democratas retomam a ofensiva”, explica o especialista.
Entusiasmo eleitoral
Os resultados são ainda mais animadores para os democratas, que viram que 60% dos eleitores entrevistados disseram estar satisfeitos com a escolha dos candidatos presidenciais, em comparação com apenas 45% em maio, quando Biden ainda concorria. No entanto, a equipe de Kamala tem muito a fazer nos próximos meses: a pesquisa revelou que 60% dos eleitores acham que Trump tem uma visão clara do País, em comparação com apenas 53% sobre Harris.
A mudança de opinião do eleitorado parece ser motivada pelas novas percepções da população sobre a vice, que tem sido elogiada por seu ânimo e pelos discursos focados no futuro da campanha. Na Pensilvânia, onde Biden derrotou Trump por pouco mais de 80 mil votos nas últimas eleições, sua classificação de favorabilidade aumentou em 10 pontos desde o mês passado.
Favoritismo de Trump
Os dados revelaram que os eleitores ainda preferem Trump quando são colocados em questão os principais temas, como economia e imigração. Em contraponto, Harris mostra uma vantagem de 24 pontos em nível de confiabilidade quando o assunto é aborto legal. Além disso, a vice-presidente é vista pelos eleitores entrevistados como mais honesta e com temperamento mais equilibrado para governar os EUA.
“Esse entusiasmo que faltava na campanha democrática é presente na campanha republicana, então houve, pelo menos nesse momento, uma virada. A grande questão é se isso é produto de uma ‘lua de mel’, pela recente candidatura. Mas a tendência, agora, é de subida de Harris. Não diria que ela é a favorita ainda, mas certamente houve uma mudança bastante significativa desde a saída do Joe Biden”, descreve Poggio.
Conforme a rede ABC, dos EUA, em 10 de setembro Kamala e Trump protagonizarão um debate.
Próximos passos
“Quanto à estratégia de Harris, é preciso dinamizar a base e continuar a lembrar aos eleitores que a recuperação econômica dos EUA tem sido a mais forte entre as nações de rendimento elevado. Ela e Walz têm de sublinhar as falhas, fraquezas e perigos da chamada visão de Trump”, diz Barbara Weinstein, professora de história da Universidade de Nova York .
No sábado, a chapa Harris-Walz teve um comício em Las Vegas, em Nevada, onde Biden e a vice venceram nas eleições de 2020. No dia 15 de agosto, Kamala e Biden farão o primeiro evento conjunto desde que o presidente desistiu da reeleição. As informações são do jornal Correio Braziliense.