Pablo Marçal não é um fenômeno circunscrito à capital paulista. Virou um personagem nacional. Mais do que isso, com potencial eleitoral Brasil afora. A constatação é de uma pesquisa nacional de intenção de voto para presidente da República feita pela Quaest entre 25 e 29 de setembro com dois mil eleitores. Marçal não só divide a direita, como numericamente está à frente de Tarcísio de Freitas (e atrás de Lula) numa hipotética disputa em 2026.
O coach assumidamente é candidato à presidência. Não escondia tal ambição nem durante sua tentativa de ser prefeito de São Paulo.
Quando a Quaest perguntou “se a eleição fosse hoje, e os candidatos fossem estes (Lula, Marçal e Tarcísio), em quem você votaria?”, Lula obteve 32% das preferências, Marçal 18% e o governador, 15% (branco, nulo e “não sei” somaram 18%).
O coach superou Tarcísio em todas as regiões do país, exceto no Sudeste, onde recebeu o apoio de 16% dos eleitores, contra 20% do governador. Já Lula o bate em todas as regiões, mas no Sul há um empate, se for considerada a margem de erro: 25% a 23%.
Sim, a pesquisa foi feita na semana anterior ao episódio da maior fake news da campanha deste ano, propagada é óbvio por Marçal, e também antes de o coach não ir ao segundo turno. Ainda assim, com desinformação e tudo, conseguiu votos de praticamente um terço do eleitorado de São Paulo no dia 6. Marçal, tudo indica, caminha para se considerado inelegível pelo TSE. Porém, enquanto a Justiça Eleitoral não cassar os seus direitos políticos, vai pairar como uma sombra sobre a direita.
A pesquisa da Quaest mostra também a força de Marçal na resposta à pergunta: “caso Bolsonaro não seja candidato, quem é o candidato mais forte contra Lula?”. Mais uma vez, ele aparece na frente numericamente, com 15% — ainda que em empate técnico com Tarcísio (13%) e Michelle Bolsonaro (12%). E , de novo, ganha de Tarcísio em todas as regiões do Brasil, exceto o Sudeste. Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado aparecem com 4%, 3% e 4%, respectivamente. A propósito dessa pergunta, há mais duas informações relevantes. Primeiro, que o “não sabe” e o “não respondeu” somam 49% do total. E depois que Michelle alcançava 28% neste quesito em maio. Teve, portanto, uma queda pronunciada em apenas quatro meses.
E, finalmente, uma má notícia para Lula. A Quaest quis saber se o brasileiro acha que “Lula deveria se candidatar à reeleição em 2026?”. O “não” foi a resposta de 58%; e o “sim” de 40%. Em julho, também numa pesquisa nacional, a Quaest fez a mesma pergunta e, àquela altura, 45% disseram “sim” e 53%, “não”.
É um quadro de piora inequívoca de Lula. Mas o que impressiona mais é a opinião dos brasileiros que ganham até dois salários mínimos. Em julho, a maioria (57%) achava que o presidente deveria concorrer à reeleição; na pesquisa de setembro esse percentual caiu para 44%. Hoje, mais eleitores desse extrato querem Lula sem tentar um novo mandato em 2026: 56% (eram 40% em julho). As informações são do jornal O Globo.