Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2020
A divisão das tarefas domésticas veio parar no segundo lugar, apontada por 32% dos respondentes.
Foto: ReproduçãoO romântico “enfim, sós”, na prática, não é tão sedutor assim. A convivência entre o casal é permeada por conflitos de todos os tipos: pessoais, financeiros, conjugais, emocionais… E saber lidar com eles é um desafio diário, afinal, não existe um “Manual de Instrução” do matrimônio e, talvez por isso, os “contos de fadas” sempre terminam depois do “sim”.
Para entender quais os motivos desses conflitos durante o isolamento social, o IC (Instituto do Casal), organização que se dedica a práticas, estudos e educação em relacionamentos e sexualidade humana, realizou uma pesquisa e comparou os resultados com outro levantamento feito em 2018, que também apontava as principais razões das brigas de casal. O objetivo é analisar o comportamento dos casais durante a pandemia.
Os dados revelam que o uso excessivo de celular subiu para a primeira posição dentre os principais motivos de briga apontados por 33% das pessoas. Em 2018, esse mesmo motivo ocupava o terceiro lugar. “No atual contexto, é provável que os casais tenham flexibilizado os valores quanto ao uso do celular, pois é por meio dele que estão se conectando com o trabalho, amigos, família. Essa flexibilização, sem limites, tornou-se um conflito e precisa ser administrado”, analisa Marina Simas, cofundadora do Instituto e especialista em Terapia de Casal e Família.
A divisão das tarefas domésticas também subiu de posição e veio parar no segundo lugar, apontada por 32% dos respondentes. Em 2018, estava em quinto. Em seguida veio o excesso de críticas, que há dois anos estava em quarto lugar e, agora, é motivo de brigas de 31% dos casais. A falta de diálogo, por sua vez, caiu da segunda para a sexta posição durante o isolamento: apenas 24% apontaram este motivo de briga na relação.
A pesquisa também revelou a frequência dos conflitos: 31% responderam que brigam, pelo menos, uma vez por semana; 20% mais de uma vez por semana e apenas 19% afirmaram que raramente têm conflitos. E para resolvê-los, 60% preferem conversar no mesmo dia sobre o problema, sem deixar para depois; 35% conseguem resolver a briga depois de alguns dias e 2% procuram logo um terapeuta para resolver a situação.
Para Denise Figueiredo, também especialista em Terapia de Casal e Família e cofundadora do IC, o fato de os casais passarem mais tempo juntos, precisam aprender a negociar, por exemplo, a nova rotina, ritmos de sono, atividades, humor, espaços, tarefas domésticas, entre outras coisas. “Toda negociação pode gerar tensão, estresse e desconforto. A melhor maneira é escolher que discussão vale a pena começar. Em uma relação, nem tudo necessita ser discutido. Se for algo relevante, então é bom escolher a melhor hora e conversar com o(a) parceiro(a) sempre na primeira pessoa: ‘eu sinto…’, ‘eu penso….’, isso diminui a chance de quem escuta criar resistências. O diálogo e o acolhimento são essenciais para essas resoluções de conflitos”.
Para 53% dos casais, o isolamento social trouxe mais ansiedade para a relação; outros 52% afirmaram que ficar em casa o dia todo alterou a rotina e 35% apontaram mudanças e desconfortos na área financeira. O humor e o sono também foram afetados pelo isolamento, sendo indicados por 31% e 30% dos participantes, respectivamente. Quando o isolamento acabar, o que os casais mais querem fazer é viajar (18%), rever os amigos (91%) e sair (7%).