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Pesquisador da Fepagro aborda o diagnóstico bacteriológico na avicultura

Benito de Brito. Foto Darlene Silveira/Fepagro

Os principais métodos de diagnósticos das doenças bacterianas das aves através do uso de ferramentas baseadas em técnicas microbiológicas, bioensaios e biologia molecular foram abordados pelo pesquisador da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Benito de Brito, no início de novembro em Bento Gonçalves. O médico veterinário, que atua no Laboratório de Saúde das Aves e Inovação Tecnológica (LSAIT) do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF/Fepagro Saúde Animal) participou do encontro “Planejamento estratégico e gestão em saúde das aves”, promovido pela Associação Gaúcha de Avicultores (Asgav). O evento teve a participação de profissionais da cadeia produtiva de aves do Estado.

Além de divulgar as atividades de pesquisas, Brito relatou que, neste ano, foram realizadas pelo Programa de Pós-graduação em Sanidade Animal (PPGSA) atividades de extensão através do I Curso de Sanidade Avícola para estudantes e profissionais da cadeia produtiva de aves. “Outras atividades de popularização da ciência foram realizadas através do I Workshop em Sanidade de Postura Comercial e Dia do Ovo”, acrescentou.

Segundo o pesquisador, algumas informações são importantes para a realização do diagnóstico bacteriológico. “O técnico deve realizar uma anamnese na qual se avalie o histórico do lote, a suspeita clínica, sinais clínicos e lesões das aves, morbidade e mortalidade do lote de animais. Ele também deve relacionar alterações de alimentação e de manejo com o início da doença e também cuidar do uso de medicamentos e vacinações”.

Brito enfatizou que o médico veterinário, ao enviar material para o laboratório, deve ter cuidado com a seleção dos animais, pois essa amostragem deve ser em número superior a cinco aves e representativa do problema clínico com a escolha de animais em diferentes estágios da doença. Os animais não devem ter recebido medicações recentemente, pois o uso dos antimicrobianos nos animais dificulta o isolamento das bactérias.

A colibacilose é uma enfermidade de grande impacto econômico na avicultura. Pode apresentar-se nas aves em diferentes formas: doença crônica respiratória, celulite, onfalite, salpingite, peritonite, entre outras. “Essa doença é considerada multifatorial, entretanto, determinadas cepas demonstram ser muito virulentas e podem estar presentes em diferentes países”, destacou Brito.

Além disso, conforme o pesquisador, a possibilidade de caráter zoonótico desse patógeno tem sido muito discutida nos últimos anos pela comunidade científica. “No diagnóstico de colibacilose devemos enviar ao laboratório os órgãos das aves sob refrigeração. No laboratório pode ser realizado o exame microbiológico convencional para o isolamento e identificação bioquímica da Escherichia coli. Também podem ser realizados testes moleculares, como o PCR, para detecção dos genes de virulência e bioensaios em pintos para confirmar se as bactérias são realmente patogênicas”, explicou.

Outros temas abordados durante a palestra foram os resultados de pesquisas do LSAIT sobre os estudos sobre microbiota intestinal com o objetivo de desenvolver novos probióticos. Além da busca por novos produtos nutracêuticos, estudos têm sido realizados para avaliar a evolução da resistência bacteriana aos antimicrobianos comumente utilizados na avicultura.

O LSAIT completará dez anos em 2016. Durante esse período, desenvolveu pesquisas e conhecimento científico que permitem saber as principais enfermidades bacterianas e os riscos sanitários a que estão submetidas as aves criadas no Rio Grande do Sul. “Nesse contexto podemos afirmar que a pesquisa é fundamental para o controle sanitário das aves no nosso Estado”, ressaltou o pesquisador.

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