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Pesquisadores sequenciam 427 genomas do novo coronavírus no Brasil e acham três cepas principais

Do total, 436.219 pessoas estão em observação e 441.729 paciente se recuperaram. (Foto: Divulgação)

Um esforço colaborativo entre Brasil e Reino Unido conseguiu sequenciar 427 genomas completos do Sars CoV-2 encontrados no Brasil. Desses, 102 foram detectados como cepas iniciais, ou seja, mais de cem linhagens que entraram no País logo no começo da pandemia.

Apenas três conseguiram se espalhar, apontando que o isolamento social pode ter ajudado a reduzir a diversidade das cepas com maior circulação. O fato de haver diferentes “tipos” em circulação não implica em possibilidade de reinfecção por pessoas já afetadas por outra cepa. O vírus sofre mudanças, mas, em essência, mantém nas diferentes linhagens suas características principais.

Entre os autores do atual estudo, Ester Sabino, Jaqueline Goes e Nuno Faria já haviam sequenciado no final de fevereiro, em tempo recorde, o genoma do Sars-Cov-2 responsável pelo primeiro caso detectado no Brasil. Pouco mais de três meses depois, o banco de dados cresceu. Assim, foi possível traçar uma árvore mais completa da genética do vírus no País.

Ester explica que as três sequências genéticas diferentes do novo coronavírus que conseguiram se espalhar pelo Brasil foram transmitidas antes da confirmação do primeiro caso. Sem medidas de isolamento implementadas, como o fechamento das escolas e do tráfego aéreo, a transmissão delas foi mais fácil.

A pesquisadora disse que os dois primeiros casos sequenciados e confirmados em São Paulo não deram início, portanto, à pandemia no País. “As três cepas que encontramos agora foram as que se espalharam mais, e provavelmente infectaram pessoas antes dos dois casos iniciais em São Paulo. O vírus já estava circulando uns dez dias antes”, afirmou.

Origem e impacto

O que é possível dizer é que as três cepas mais disseminadas no País vieram da Europa e dos Estados Unidos. Saber que a diversidade genética foi reduzida é um ponto interessante e um indicador de que as medidas de isolamento funcionaram.

“Diversidade genética está associada com a transmissão diretamente. Quanto maior o número de pessoas infectadas, e quanto mais explosiva, maior será a diversidade genética do vírus. São processos intrinsecamente relacionados. Assim, ainda precisamos de mais pesquisas, isso pode influenciar na criação de uma determinada vacina no Brasil”, explicou Nuno.

Por enquanto, os cientistas dizem que não é possível determinar se uma das mutações encontradas nas sequências tem algum papel na disseminação do vírus. Outros grupos de estudos estão em busca da resposta.

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