Em fevereiro deste ano, 105 milhões de pessoas usaram o Pix, um salto de quase 30% em relação ao mesmo período em 2022. Entretanto, a modalidade de pagamento lançado pelo Banco Central em novembro de 2020 ainda enfrenta resistência de parte dos brasileiros, apesar dos benefícios de ser gratuito e instantâneo. Os “antipix” são formados, sobretudo, por pessoas com 50 anos ou mais, que tem renda, mas teme fraudes ou roubos.
Apenas três a cada dez pessoas com 50 anos ou mais usam o Pix. Esse número é ainda pior quando avaliada a população com 60 anos ou mais. Nesse caso, apenas 18% das pessoas usam a transferência, ou seja, duas em cada dez, segundo dados levantados pelo Estadão com informações do BC e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Do ponto de vista técnico, o Pix é uma transação bancária segura e amplamente utilizada tanto por instituições financeiras tradicionais, como Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil ou Caixa, quanto pelas fintechs. Algumas delas chegam até mesmo a oferecer seguros que cobrem o Pix sob coação, quando o cliente é intimidado por um criminoso a fazer a transferência.
Apesar da facilidade de uso, o Pix ainda não está integrado à rotina dos brasileiros de forma indispensável. O uso do meio de transferência cresce e tende a substituir o boleto bancário em compras online ou até no pagamento de contas de consumo. Entretanto, as alternativas antigas continuam disponíveis, ou seja, não há uma necessidade real de usar o Pix.
Uma pesquisa feita pela consultoria Bain & Company mostrou, com base nos relatos de 16.852 pessoas, que a segurança é o principal motivo que afasta parte dos brasileiros do Pix, especialmente entre as pessoas com mais de 35 anos.
Segurança
Segundo Thiago Saldanha, diretor de tecnologia da Sinqia, o protocolo usado no Pix é seguro e o Banco Central utiliza padrões internacionais para garantir que o dinheiro seja corretamente transferido de pessoa para pessoa ou de pessoa para empresa. “O BC vem criando regras para evitar problemas com o Pix e o sequestro relâmpago. Para um crime relacionado a isso que dure um dia todo, a pena muda para a de crime hediondo”, diz.
Apesar de o processo de transferência ser, em tese, seguro, ainda podem existir brechas, como em qualquer outro serviço bancário. “O que se não pode garantir é a segurança de onde o Pix é utilizado, por exemplo, no aplicativo de cada banco”, diz Saldanha.