A redução de preços dos combustíveis entrou no radar da Petrobras, após as cotações do petróleo terem recuado no exterior e o real ter se valorizado frente ao dólar nas últimas semanas. A estatal está “atenta às necessidades da empresa e da sociedade”, de acordo com uma fonte a par das discussões. Porém, não há ainda uma definição sobre de quanto e quando será um ajuste nos preços da gasolina e do diesel.
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Dados da Abicom, que reúne os importadores de combustíveis, mostram que os preços cobrados pela Petrobras no Brasil estão maiores em relação ao mercado internacional desde o início deste mês.
No caso do diesel, o valor cobrado pela Petrobras está entre 2% e 5% maior desde o dia 9, de forma ininterrupta. No dia 6, o preço estava igual ao do cenário internacional.
Na gasolina, o valor está maior desde o dia 4 deste mês, com um preço entre 2% e 7% acima do mercado externo. Antes disso, ambos os combustíveis apresentavam oscilações.
Segundo uma fonte na estatal, a intenção da Petrobras “é não repassar volatilidade, nem para baixo nem para cima”. Para essa fonte, o movimento nos preços será feito “quando houver espaço”. Segundo interlocutores da empresa, o presidente Lula não teria cobrado redução de preços da alta direção da companhia.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina nos postos do Brasil subiu 1 centavo nas duas últimas semanas, passando de R$ 6,09 (entre os dias 1 e 7) para R$ 6,10 (de 8 a 14). O etanol avançou de R$ 4,04 para R$ 4,09 no mesmo período. No caso do diesel, o movimento foi inverso, caindo de R$ 6,02 para R$ 5,95.
A Petrobras disse em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que não há decisão de redução de preços. “Eventuais ajustes nos preços de seus produtos são realizados no curso normal de seus negócios sem periodicidade definida e, quando há decisão por alteração, a tabela de preços é divulgada imediatamente aos seus clientes nos canais corporativos”, disse a estatal.
“Combustível do futuro”
O projeto do “combustível do futuro”, que altera percentuais mínimos e máximos de mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no óleo diesel foi aprovado pela Câmara na semana passada. E, agora, segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o projeto aprovado, o percentual de mistura de etanol na gasolina deve ser de 27%. Mas o governo poderá reduzir para até 22% ou aumentar para até 35%. Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, com um mínimo de 18% de etanol.
Sobre a mistura do biodiesel no diesel, estabelecida em 14% desde março deste ano pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o projeto estabelece que poderá ser acrescentado um ponto percentual de mistura anualmente a partir de março de 2025 até atingir 20% em março de 2030.
A proposta ainda estabelece que o diesel verde poderá ter participação volumétrica mínima obrigatória nos combustíveis, sob definição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), até 2037. O percentual, porém, não poderá exceder o limite de 3% ao ano. O diesel verde é produzido a partir de matérias-primas exclusivamente derivadas de biomassa renovável.
O mesmo projeto também obriga as companhias aéreas a reduzirem emissões de gases de efeito estufa a partir de 2027, partindo de 1% até 10%, em 2037, por meio do Sustainable Aviation Fuel (SAF), o combustível sustentável de aviação.