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Petrobras utiliza nanotecnologia para extrair óleo e gás

Empresa investe R$ 30 milhões em tecnologia para aumentar produção. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Cápsulas que liberam o conteúdo apenas quando submetidas a determinadas condições do ambiente e materiais que mudam a consistência apenas quando estão dentro dos poços de petróleo irão ampliar a extração de óleo e gás no Brasil nos próximos anos, de acordo com a Petrobras. A empresa irá investir R$ 30 milhões nos próximos cinco anos no desenvolvimento de soluções nanotecnológicas para aumentar a produção.

As pesquisas em andamento já receberam R$ 21,3 milhões. O destaque, segundo a Petrobras, é o chamado Spartan, sigla que significa aumento do desempenho da varredura realizado pelo nanossistema ativado termicamente. A tecnologia será voltada principalmente para o pré-sal. Trata-se, de forma simplificada, de um material que é capaz de mudar de consistência quando injetado em poços de petróleo ajudando a extrair mais óleo e gás.

O material, que tem consistência mais líquida em ambientes mais frios, é facilmente transportados pelos tubos até chegar aos poços. Quando chega às temperaturas mais altas, ele torna-se gelatinoso, bloqueando canais, falhas e fraturas nas rochas, típicas de áreas como o pré-sal, evitando que o petróleo se acumule nessas fissuras e não seja aproveitado.

De acordo com o engenheiro de petróleo da Petrobras, Leonardo Alencar, que integra a equipe do Cenpes (Centro de Pesquisa) da empresa, os testes apontam que o Spartan possibilita a extração de 13% a mais de óleo do que as tecnologias disponíveis hoje.

“Estamos tomando postura muito alinhada com o mundo, que é a de transformações disruptivas. A gente está sendo incentivado a criar, a inovar e a fazer diferente”, diz Alencar.

O Spartan é desenvolvido em parceria com o Instituto de Química da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A expectativa é que seja usado em campo até o final de 2022.

Além do Spartan, a Petrobras investe em outras iniciativas de nanotecnologia, como cápsulas de produtos químicos. “Essas nanocápsulas têm liberação controlada por algum parâmetro de temperatura, Ph e salinidade. Quando chega no reservatório [de petróleo], encontra uma certa temperatura ou salinidade ou Ph e libera esse produto”, explica Alencar.

A vantagem, segundo ele, é que elas às vezes transportam produtos ácidos que se fossem transportados por tubos até os poços, danificariam as estruturas. O produto que transportam também ajuda na extração de óleo e gás. As nanocápsulas, e outras soluções nanotecnológicas, como os nanomateriais de carbono poderão ser aplicadas até 2025.

Essas iniciativas são todas de nanotecnologia, que é uma ciência que se dedica ao estudo da manipulação da matéria numa escala atômica e molecular, portanto, muito pequena. “A nanotecnologia, apesar de não ser [em princípio] tão nova assim – começou a ser manipulada a partir da década de 1980 – [na prática, tornou-se] relativamente nova. No mundo de óleo e gás, que é extremamente conservador, começou há uns 10 anos”, diz e acrescenta: “Eu diria que a gente está caminhando junto [com o restante do mundo]”.

Os recursos investidos nessas pesquisas são regidos pelas cláusulas de investimentos em PD&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação), regulados pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Por essas regras, os concessionários devem realizar despesas qualificadas em valor correspondente a 1% da receita bruta da produção dos campos correspondentes a uma participação especial, ou seja, as pesquisas exploram campos de grande volume de produção.

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