Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2019
A Petrobras anunciou que, a partir de segunda-feira (5), o preço do botijão GLP (de gás residencial) vai cair 8,16%, para R$ 24,06. Desde maio, o preço da unidade de 13 quilos era vendido a R$ 26,20. É o menor valor desde pelo menos novembro do ano passado. As informações são do jornal Extra.
De acordo com as informações recebidas da Petrobras, o Sindigás, que reúne as companhias do setor, disse que a queda do GLP residencial oscilará entre 6,5% e 12%, dependendo do local. Por outro lado, a estatal aumentou na última quinta-feira o preço da gasolina e do diesel em cerca de 4%.
Na semana passada, a estatal anunciou também a queda de 9,8% no preço do GLP para uso industrial e residencial. Para o Sindigás, o recuo pode chegar a 17%, dependendo do polo de suprimento.
Mas, apesar do recuo, o Sindigás lembra que a Petrobras está praticando um ágio de 31% em seus preços em relação ao preço do mercado internacional. Na avaliação do Sindigás, “esse ágio vem pressionando ainda mais os custos de negócios que têm o GLP entre seus principais insumos, impactando de forma crucial empresas que operam com uso intensivo de GLP”.
Gás de cozinha fracionado será mais caro
A proposta de venda fracionada de gás de cozinha da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pode resultar em um combustível mais caro por quilo do que o custo de um botijão padrão de 13 kg cheio, pois resultaria em perda de escala e eficiência, segundo especialistas do setor. A ANP admite a possibilidade de preço mais alto, mas afirma que o objetivo é dar mais flexibilidade ao consumidor na hora da compra. Para a proposta sair do papel, no entanto, seriam necessárias mudanças de infraestrutura e logística, além de serem analisadas questões regulatórias, o que poderia levar cerca de um ano.
“Há famílias que ficam sem gás no fim do mês e não têm dinheiro para comprar um botijão de R$ 70, mas podem ter R$ 20 para comprar uma parte e ter gás até o fim do mês. Queremos dar essa opção ao consumidor, mesmo que seja pagar mais caro”, afirmou diretor-geral da ANP, Décio Oddone.
O preço ficaria mais caro porque reduziria a escala de venda das empresas. É o mesmo que acontece com o preço de um refrigerante: uma embalagem de dois litros e meio é mais econômica do que uma de 600ml. A proposta prevê que o valor total poderia ser reduzido, já que o consumidor seria o responsável pelo abastecimento, diminuindo o custo de distribuição e entrega.
“Uma embalagem fracionada é tudo, menos social, porque o produto sai mais caro. Além disso, não vemos uma demanda pelo produto. As pessoas querem o serviço de entrega — afirmou Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo).
Para o economista Adriano Pires, o foco do governo deveria ser baratear o custo para a população de baixa renda, que continuará a ter dificuldades em comprar gás.
O setor questiona o objetivo de aumentar a competição no mercado, já que o consumidor pode pedir de forma gratuita e simples a portabilidade do fornecimento de gás. Segundo o Sindigás, são vendidos 35 milhões de botijões por mês, e destes, nove milhões são substituídos por marcas diferentes.
Segurança é uma preocupação
Os órgãos de defesa do consumidor ainda estão analisando os impactos da proposta, mas veem a necessidade de um sistema mais simples para a fiscalização.
Segundo o diretor-geral da ANP, serão discutidas também mudanças no processo regulatório do setor com a mudança no mercado.
“Não haveria nenhum risco para o consumidor. Estamos fazendo estudos para entender quais seriam as melhores opções.”
Para Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás, a solução de distribuição do Brasil hoje funciona bem:
“A nova proposta aumenta o custo de manutenção, de fiscalização, que hoje é feito por amostragem de marcas, e tira a responsabilidade das marcas sobre o produto.”