Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2020
No início da pandemia da Covid-19, a Cbic chegou a prever encolhimento de até 11% no PIB do setor.
Foto: José Paulo Lacerda/CNIApós um ano de retração por causa da pandemia do coronavírus, a construção civil deverá ter, em 2021, o maior crescimento para o setor em oito anos, conforme projeções divulgadas nesta quinta-feira (17) pela Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). De acordo com a entidade, o PIB (Produto Interno Bruto) do segmento deve avançar 4% no próximo ano, depois de recuar 2,8% em 2020.
Se essa estimativa se confirmar, essa será a maior expansão para a construção civil desde 2013, quando o setor tinha crescido 4,5%. O setor deverá ter desempenho melhor que o restante da economia. Segundo a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), o PIB brasileiro de 2021 crescerá 3,2%.
O presidente da Cbic, José Carlos Martins, classificou de “otimista conservadora” a postura da entidade. A expansão ocorrerá sobre uma base de comparação fraca, com o nível de atividade da construção civil nos níveis observados no início de 2007. Além disso, o encarecimento de matérias primas e o desabastecimento de alguns insumos podem prejudicar a recuperação do setor, avalia.
Martins ressaltou que o custo de materiais e equipamentos dentro do INCC (Índice Nacional da Construção Civil), índice que mede a inflação no setor, registrou alta de 17,72% de janeiro a novembro. Esse foi o maior encarecimento desde o Plano Real. Os preços dos insumos, segundo Martins, começaram a disparar no fim do primeiro semestre. De janeiro a maio, os custos subiram 2,75%, mas acumularam alta de 14,58% de junho a novembro.
Segundo o presidente da Cbic, a pressão de insumos como cimento, cabos de aço e tubos de PVC sobre a construção civil impacta os novos contratos, podendo resultar em obras mais caras e atrasos no cronograma. “Aí entra com todos desajustes, busca de reequilíbrio, que são custosos, novos prazos atrasam cronograma”, advertiu.
Pandemia
No início da pandemia da Covid-19, a Cbic chegou a prever encolhimento de até 11% no PIB do setor, informou Martins. Mas para ele, chegar ao fim do ano com projeção de recuo de 2,8% e criação de 138,4 mil postos de trabalho acumulada até outubro, representa uma vitória da construção civil. Ele destacou que o segmento liderou a criação de postos de trabalho em 11 estados e no Distrito Federal, de janeiro a outubro, e ficou em segundo lugar em sete estados.
No terceiro trimestre, a construção civil cresceu 5,6% em relação ao trimestre anterior, marcado pelo auge das restrições sociais provocadas pela pandemia. Apesar da expansão significativa, o presidente da Cbic observou que o nível de atividades do setor ainda está 4,5% abaixo do último trimestre de 2019 e acumula retração de 36% em relação ao pico observado no primeiro trimestre de 2014.