Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2025
O Ministério da Fazenda reduziu a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 2,5% para 2,3%. Além da má notícia sobre a desaceleração do crescimento, em si, já que em 2024 a alta deve ficar em torno de 3,5%, a sua composição também não deve ajudar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a recuperar sua popularidade em queda.
O problema é que a Secretaria de Política Econômica (SPE) estima que a agropecuária e o setor de extração de petróleo terão papel crucial no ritmo de atividade, o que representará uma mudança na composição do crescimento da economia. Em 2024, por exemplo, a indústria e os serviços foram mais determinantes, dois setores que têm grande papel na geração de postos de trabalho.
Questionado sobre o risco de aumento do desemprego, o secretário Guilherme Mello pontuou que estima uma “desaceleração das novas vagas” no mercado de trabalho este ano, mas ainda com geração positiva.
Para a arrecadação, fator determinante para o governo cumprir a meta fiscal, o crescimento puxado pelo agro também não é boa notícia, já que o setor é um dos mais desonerados da economia, como grande exportador, e paga pouco imposto.
O lado positivo para Lula é que o agro mais forte pode ajudar a desacelerar a alta dos preços dos alimentos. Isso não significará, contudo, retração nesses preços, apesar um crescimento em ritmo mais lento (a SPE não tem projeção específica para esse indicador, mas prevê alta menos intensa).
Para a inflação como um todo, a SPE estima que o IPCA (inflação oficial) deste ano ficará em 4,8%, acima do teto da meta, e no mesmo patamar registrado pelo IBGE em 2024. O número, contudo, é mais otimista do que as projeções do mercado, que estima 5,58% de alta nos preços, e do próprio Banco Central, que prevê 5,2%.
A SPE também reduziu sua projeção de crescimento do PIB do quatro trimestre de 2024, ainda não divulgado pelo IBGE, de 0,7% para 0,4% – o que significa que a economia começou o ano de 2025 menos embalada.
Lula optou por iniciar o seu mandato com fortes estímulos fiscais, que ajudaram a fazer o PIB crescer mais em 2023 e 2024. Agora, com a inflação acima da meta, terá de lidar com os juros em alta e algum controle de despesas. Enfrentará as eleições de 2026 com a economia menos embalada. (Opinião/Alvaro Gribel/Estadão Conteúdo)