O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve registrar um trimestre de queda sob efeito do desastre provocado pelas chuvas no Rio Grande do Sul, mas a economia deve se recuperar até o fim do ano com a adoção de estímulos pelo governo, disse nesta quinta-feira a ministra do Planejamento, Simone Tebet.
Em fórum promovido pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Tebet afirmou que agentes de mercado têm apontado para um impacto negativo do desastre no Estado sobre a atividade do país, acrescentando que acredita que “tenhamos realmente uma queda” no trimestre.
“É natural que aconteça, a economia do Rio Grande do Sul está paralisada, mas com a quantidade de estímulos que estamos fazendo, dentro do limite… acreditamos que depois desse trimestre que possa ter uma ligeira queda, nós tenhamos até o final do ano novamente a economia recuperada”, afirmou.
Agronegócio
O Rio Grande do Sul é tradicionalmente conhecido como um dos grandes produtores do agronegócio brasileiro, e os efeitos das históricas enchentes no Estado foram prontamente alvos de preocupação para o setor.
O impacto nas colheitas de arroz, soja e trigo deve ser sentido na inflação em todo o Brasil, o que também deverá ocorrer no caso do leite e de outros produtos. Além disso, a atividade industrial gaúcha também foi fortemente afetada: nove em cada dez empresas do estado estão em cidades atingidas pelas enchentes, de acordo com levantamento da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul). Este cenário deve ter repercussões para a atividade econômica do Brasil como um todo.
Além da grande presença na alimentação dos brasileiros, o arroz chama a atenção pelo forte componente doméstico da produção do Estado.
O Rio Grande do Sul é responsável por mais de 70% da produção brasileira do alimento que, no último ano, representou apenas 1,4% das exportações gaúchas, segundo dados do Comex, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro.
Embora 80% do arroz já tivesse sido colhido, nos últimos dias o Brasil se mobilizou pela importação do grão, enquanto supermercados pelo país restringiram as compras, temendo desabastecimento em razão de danos aos estoques e à cadeia de distribuição.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea) identificou impactos em outros itens relevantes da dieta comum dos brasileiros: leite e frango.
Em ambos os casos, a infraestrutura afetada, incluindo danos no processamento, devem ser responsáveis por alguma escassez, chegando ao consumidor final com alta de preços. No caso do frango, granjas já relatam dificuldade para receber alimentos para os animais devido aos problemas nas estradas.