Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de janeiro de 2023
As aposentadorias, pensões e outros benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que têm valores acima do salário mínimo devem ser reajustadas em 5,93% neste ano.
Foi esta a variação da inflação em 2022 medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e divulgada nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o valor do teto do INSS passará a ser de R$ 7.507.49, dos R$ 7.087,22 pagos em 2022.
O piso dos benefícios, porém, que acompanha o salário mínimo, terá reajuste maior do que isso, o que deve voltar a causar um efeito de “achatamento” das aposentadorias e pensões, ou seja, de reaproximação entre aqueles que ganham o menor valor e os que ganham os maiores.
Depois de três anos sem aumento real, o salário mínimo voltou a subir mais do que a inflação em 2023, o que foi uma promessa de campanha tanto do ex-presidente Jair Bolsonaro quanto do novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, empossado em 1º de janeiro.
O piso salarial nacional subirá dos R$ 1.212 de 2022 para, pelo menos, R$ 1.302 neste ano, valor definido por Bolsonaro por medida provisória em dezembro e que já está valendo para os pagamentos feitos a partir de janeiro. É um reajuste de 7,4%, ou quase 1,5% mais que a inflação do ano passado.
O governo confirmou o valor nesta quarta-feira (11) por meio de portaria que fixou em R$ 1.302 o piso previdenciário. A portaria não tem prazo de validade, o que indica que a decisão política ainda precisa ser tomada pelo governo. Ou seja, o valor ainda pode ficar maior.
Isso porque o Orçamento aprovado depois no Congresso para 2023, já com participação da equipe de transição de Lula, previu um salário mínimo de R$ 1.320 para o ano. Seria um aumento total de 8,9%, e de quase 3% acima da inflação.
O Orçamento, porém, não tem poder para fixar o valor do salário mínimo, conforme explicou à CNN a consultoria de Orçamento do Senado. Ele apenas estima o valor e reserva os recursos necessários para seu pagamento.
O número exato deve, pela Constituição, recompor pelo menos a inflação do ano anterior e deve ser definido por lei pelo Poder Executivo.
Com isso, cabe agora ao governo Lula publicar uma nova medida provisória reajustando o salário mínimo para os R$ 1.320 que previu para o ano, caso seja esta a sua decisão.
Especulações dão conta de que o governo pretendia fazer isso até maio, para “atrasar” o novo aumento e amenizar um pouco o impacto bilionário que o reajuste mais alto acrescenta às contas.
Nesse caso, trabalhadores que recebem o salário mínimo, bem como aposentadorias, pensões e benefícios, como o BPC, que acompanham o piso nacional, passariam a ser pagos no novo valor depois da publicação da nova MP.
De acordo com o analista de política da CNN Caio Junqueira, porém, já começa a ganhar mais espaço no governo a tese de manter o salário mínimo como está, no valor mais baixo de R$ 1.302.
Procurado, o Ministério do Trabalho, a quem cabe a decisão, ainda não respondeu. O ministro da pasta, Luiz Marinho, tinha uma coletiva sobre o assunto prevista para segunda-feira (9), mas a agenda foi adiada por conta dos atos criminosos ocorridos em Brasília na véspera e segue sem nova data.
Aumentos reais para o salário mínimo
Em 2020, 2021 e 2022, o salário mínimo foi reajustado apenas pela inflação do ano anterior, depois de mais de uma década em que o aumento previa, também, ganhos reais.
Pela regra antiga, que valia desde 2004, o mínimo devia ser automaticamente elevado pela variação da inflação do ano anterior acrescida do crescimento do PIB de dois anos antes.
A ideia era garantir aos trabalhadores que recebem o piso um aumento no poder de compra na mesma medida que o crescimento da produtividade da economia do país, que, em linhas gerais, é o que o PIB reflete.
Críticos do ganho automático, porém, destacam que a indexação pode gerar inflação, além de pressionar os gastos já apertados do governo, já que parte das aposentadorias e salários dos servidores sobe junto.
A regra que garantia o ganho real valeu até a virada de 2018 para 2019, primeiro ano de Bolsonaro na Presidência, e não foi renovada.
Com isso, o tamanho do reajuste passou a ser decidido ano a ano pelo presidente. A correção deve sempre, no entanto, cumprir ao menos o aumento da inflação, o que é exigido pela Constituição.