Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2025
A concorrência das carteiras digitais mudou-se para as praias do Brasil. Em busca de oferecer a melhor taxa de câmbio (e sem a sobretaxa de 30% que o cartão de dólar tem), neste verão vários aplicativos argentinos lançaram uma função para que os turistas que viajam ao país vizinho possam pagar seu consumo por transferência ou QR Code. Só na primeira quinzena de janeiro foram registrados mais de US$ 8 milhões em transações.
A escolha pela qual o Brasil se tornou o país onde as carteiras virtuais se estendem além da fronteira não foi aleatória. Em 2020, o Banco Central do Brasil lançou o Pix, um método de pagamento instantâneo para facilitar transferências de dinheiro rápidas e gratuitas entre contas bancárias e aplicações digitais.
Originalmente, ele foi criado para usuários brasileiros e acabou se tornando o meio de pagamento mais utilizado, inclusive em cartões de débito e crédito. Nesta semana, houve uma crise no governo envolvendo uma maior fiscalização sobre transações com o meio de pagamento, mas a medida foi revogada.
Os argentinos ignoraram a crise. Neste verão, empresas do país vizinho como Belo, Cocos, Fiwind, Lemon, Plus e Takenos aderiram à infraestrutura e integraram seus sistemas ao Pix, solução oferecida pela KamiPay.
Os aplicativos buscam atrair consumidores com a cotação. Eles convertem automaticamente pesos em reais, com uma taxa de câmbio um pouco superior ao dólar MEP (US$ 1 equivale a 1.190 pesos), cotação usada pelo mercado financeiro, incluindo cartões de crédito e débito internacionais.
Também supera a criptomoeda Tether (1.219 pesos), mas fica bem abaixo do chamado dólar cartão (1.380 pesos no Banco Nación), cotação usada para conversão das compras de argentinos com cartão de crédito no exterior.
“Durante o mês de dezembro, o ticket médio dos argentinos que usaram o Pix para comprar roupas no Brasil ficou em US$ 77, desafiando o clichê de que é um meio de pagamento usado apenas para pequenas transações, como uma caipirinha na praia”, disseram fontes da KamiPay, segundo análise feita pela fintech com base nas dez empresas com maior volume no período.
Para a empresa, houve um “comportamento inesperado”. Vestuário posicionou-se como categoria líder no último trimestre do ano passado e concentrou 37,08% do faturamento. Os argentinos optaram por comprar de marcas como C&A, Adidas, Puma, Nike, Grupo SBF e Iguasport. Seguiram-se os setores de hotelaria, gastronomia e transportes.
Com a chegada de janeiro, esta opção de pagamento tornou-se ainda mais popular, de acordo com os dados compartilhados por cada uma das carteiras digitais.
A corretora Cocos lançou o recurso no início deste mês e já processou 225.520 pagamentos, uma média de 30 mil pagamentos por dia ou uma transação a cada três segundos. Em volume, totalizaram 8,2 bilhões de pesos nessas duas semanas, o equivalente a cerca de US$ 7 milhões.
“A Cocos experimentou um crescimento explosivo, refletindo o impacto desta solução inovadora no mercado, abrindo mais de 65 mil novas contas desde a integração do Pix. Superou em muito o recorde anterior de abertura de contas correspondente a 2024”, afirmou a empresa.
O maior número de transações foi feito em Florianópolis, com quase o dobro de pagamentos que o Rio de Janeiro.
A carteira criptográfica Lemon também possibilitou pagamentos com Pix no dia 2 de janeiro, e, até o momento, foram processados pagamentos no valor equivalente a US$ 1,2 milhão. Um total de 80% do total de pagamentos foram feitos em pesos argentinos e 20% optaram pelo uso de criptodólares, com gasto médio de R$ 200 por compra (cerca de 40.800 pesos).
Por outro lado, no último mês, o aplicativo Takenos registou saldo equivalente a mais de US$ 240 mil, com gastos sobretudo em áreas como hotelaria (42%), gastronomia (25%), transportes (17%), compras (11%) e despesas diversas (5%).
Enquanto isso, a Fiwind somou um milhão de pagamentos com Pix e, nos últimos quatro meses, aumentou o número de operações em 400% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Prex registrou 75 mil clientes desde que incorporou pagamentos no Brasil, com média de 12 transações por usuário e valor médio de compra de R$ 180 cada (US$ 37,4). O consumo foi feito principalmente em transportes, supermercados e postos de serviço, nas cidades de Florianópolis e Rio de Janeiro. As informações são do jornal O Globo.
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