Domingo, 09 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2025
Cerca de 1.770 anúncios falsos envolvendo golpes sobre serviços financeiros populares – como o Pix e o Valores a Receber – circularam entre 10 e 21 de janeiro nas redes da Meta, dona do Instagram. A maioria das postagens pagas envolviam técnicas de inteligência artificial e, em alguns casos, até “deepfakes” (imagens e vídeos falsos) de políticos como o deputado federal Nikolas Ferreira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As informações fazem parte de estudo do NetLab, laboratório de pesquisa da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que identificou as postagens fraudulentas. Os mais de 1,7 mil anúncios foram pagos por 151 anunciantes, que direcionaram os usuários para 85 sites falsos para aplicação de golpes financeiros.
Os criminosos mencionaram nos anúncios assuntos como a nova regra de envio de informações de transações via Pix à Receita Federal, uma normativa que havia entrado em vigor em 1º de janeiro, mas foi revogada no dia 15 do mesmo mês.
O estudo revela que houve, inclusive, um aumento no número de anúncios falsos após o governo Lula recuar da decisão que monitoraria transações via Pix acima de R$ 5 mil mensais para pessoas físicas e R$ 15 mil mensais para pessoas jurídicas.
Foram identificados 752 anúncios falsos entre os dias 10 e 15 de janeiro. Esse número subiu para 1.018 entre os dias 16 e 21, uma alta de 35,4%.
A cada dez anúncios fraudulentos, sete utilizavam o recurso da inteligência artificial. E quatro em cada dez dos anúncios foram feitos por páginas que se passavam pelo governo federal. Não ficou claro, porém, se os anúncios adotam critérios abusivos ou discriminatórios para segmentar usuários vulneráveis, já que a plataforma não forneceu a transparência necessária para a análise.
Para Marie Santini, diretora do Netlab UFRJ, falta moderação de conteúdo por parte das plataformas. Ela explica ainda que Mark Zuckerberg anunciou mudanças na política da Meta, como a retirada da moderação sobre conteúdo orgânico.
No entanto, não há menção específica sobre moderar conteúdo publicitário. Por isso, não é possível saber se as novas regras estão afetando a circulação de anúncios fraudulentos:
“E a publicidade, além de ter uma questão mais ideológica, ainda faz com que eles ganhem dinheiro com isso. Não sabemos qual será a política (da plataforma), mas estamos vendo que eles não estão moderando como deveriam.”
O estudo mostra mudanças na estratégia dos anúncios falsos antes e depois da revogação da norma do Pix. Enquanto a regra ainda estava em vigor, as publicações seguiam roteiros parecidos: figuras públicas, principalmente políticos e jornalistas, informaram sobre o resgate de valores esquecidos em instituições financeiras.
Eles incentivavam que o usuário acessasse links com ferramentas de consulta e resgate, sempre com um tom de urgência de que a data de acesso era a última disponível para o saque do valor. Em alguns casos, ainda diziam que a consulta sairia do ar em breve e que o dinheiro seria “devolvido aos cofres públicos”, sem chance de resgate futuro. Mas, na verdade, essas declarações nunca foram feitas pelas pessoas retratadas nos anúncios. As informações são do jornal O Globo.