Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2015
Protagonista vitalício da cena política brasileira, o PMDB é um partido versátil. Há tempos, opera o milagre de mudar de posição para continuar no mesmo lugar, sempre ao lado de quem estiver no poder. Nos dias atuais, porém, a legenda está batendo seu recorde. Consegue a proeza de liderar a oposição e a situação ao mesmo tempo. Divide-se entre o PMDB do deputado Eduardo Cunha, que fustiga o governo de Dilma Rousseff, e o PMDB do senador Renan Calheiros, que é da turma do “deixa disso”. Vai além. Entre Cunha e Calheiros, a alternativa é o PMDB do vice-presidente Michel Temer, que deixa a articulação política do governo. Está tudo em casa.
Pauta-bomba
O grupo seguidor de Cunha está na descendente. Desde que decidiu manejar a tal pauta-bomba para incomodar a presidenta, criando enormes gastos para os cofres públicos, o presidente da Câmara perdeu de vez a confiança dos empresários pesos-pesados. Com a denúncia apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot, que o acusa de pedir propina de 5 milhões de dólares, o deputado viu encolher ainda mais a lista de aliados políticos. Passou o fim de semana mobilizando os evangélicos para não perder a presidência da Casa.
Casuísmo
Calheiros também não está em situação cômoda. Em nome de sua posição “responsável”, terá que tomar decisões impopulares, caso queira barrar os projetos casuísticos que a Câmara empurrou e ainda vai empurrar para o Senado. Além disso, ter o nome ligado a Dilma nesse momento de desaprovação pode custar caro. Já o fiel da balança, Temer, deu sinais de que largará a articulação política do governo. Caso deixe essa missão, provavelmente levará consigo os empresários que há poucas semanas pediram estabilidade institucional e clamaram por união nacional. Algo péssimo para Dilma.
Autocrítica
Além dos prognósticos sobre a influência no futuro do mandato da presidenta, essa é uma boa hora para pensar no papel do PMDB na política brasileira. Nada de obviedades, como revisar a fome por cargos e as contradições ideológicas. Importante seria a autocrítica de outras legendas, que não chegam nem perto da mobilização eleitoral do PMDB. Apesar de seus vícios, a hegemonia dos peemedebistas é resultado de um “truque” muito elogiável, que os adversários não aprenderam: ir aonde o povo está. Se não se aproximarem do eleitor, não poderão reclamar. Do jeito que vai, os destinos do País continuarão por muito tempo ligados aos humores do PMDB. (Chico Coelho/AD)