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Brasil Pode? Quilo do café está custando 4,3% do salário mínimo

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Entre novembro de 2023 e outubro de 2024, o consumo interno aumentou 1,1%, totalizando 21,916 milhões de sacas. (Foto: Reprodução)

“O café é democrático. Tem para todos os bolsos e para todos os gostos.” É provável que você já tenha escutado essa expressão sendo dita por algum amigo ou familiar no passado. Porém, em abril de 2025, os números mostram que essa afirmação deixou de ser verdade.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), no mês de março, o quilo do café torrado e moído no varejo chegou a R$ 64,80, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando era de R$ 32,90, representando um aumento de quase 100%. Atualmente, um quilo do produto corresponde a 4,3% do salário mínimo no Brasil.

Diante do aumento significativo no valor, o jornal O Dia conversou com autoridades do setor e especialistas da área para entender os motivos que sustentam a escalada de preços e a projeção do mercado para os próximos meses. Além disso, entenda quais fatores influenciam diretamente o custo do café, como as instabilidades na política internacional, as variações climáticas e os impactos na cadeia produtiva, que acabam refletindo no bolso de milhões de brasileiros.

Política internacional e clima

No ano passado, a produção mundial de café foi de 176,2 milhões de sacas. O Brasil, maior produtor global, costuma responder por cerca de um terço do total. A expectativa era de quase 59 milhões, mas, devido a intercorrências climáticas, a produção ficou abaixo do previsto, fechando em 54 milhões.

No Vietnã, segundo maior produtor global, a situação não foi muito diferente, problemas com o clima também o impactaram, diminuindo 10% de sua safra. Esses fatores representaram uma perda relevante para a oferta mundial e, assim, impactou diretamente no equilíbrio entre produção e consumo.

O café é uma commodity — produto elaborado em larga escala que funciona como matéria-prima — negociada nas bolsas de Nova York, Londres e São Paulo. Com a alta do dólar, o produto ficou mais valorizado para exportação, o que resultou na elevação de preços no mercado interno.

A demanda internacional continuou aquecida, diminuindo os estoques. A pressão sobre os preços aumentou, afetando os valores pagos pelo consumidor final. No primeiro trimestre de 2024, em média, o quilo do produto foi vendido a R$ 30,81. No mesmo período deste ano, saltou para R$ 62,33, aumento de 102%.

O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café, Lucas Tadeu, explicou que a redução na produção, especialmente no Brasil e no Vietnã, gerou a pressão de demanda que elevou significativamente os preços.

“A demanda praticamente esgotou os estoques. As indústrias precisam manter uma margem de segurança, pois não podem adquirir o produto diariamente. Isso exerceu uma pressão sobre os preços em nível mundial, chegando a dobrar em comparação com o primeiro semestre do ano passado. Como a indústria comprou o café em sacas mais caras do que o valor atual, ela está utilizando esse custo anterior nas gôndolas dos supermercados”, explicou Tadeu.

O pesquisador também destacou que as políticas tarifárias implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactaram diretamente o preço do café, além das possíveis “surpresas” do mandatário norte-americano.

“Há um fator novo: o presidente dos Estados Unidos está impondo taxas a diversos países, incluindo o Vietnã com uma taxa de 40%. Isso impactou o preço do café, pois o consumidor americano passa a pagar mais. E não se sabe qual será a próxima medida que ele adotará. O cenário político e econômico internacional está muito instável”, disse o especialista.

Comportamento

De acordo com a Abic, entre novembro de 2023 e outubro de 2024, o consumo interno aumentou 1,1%, totalizando 21,916 milhões de sacas. Com isso, o Brasil se mantém como o segundo maior consumidor global, atrás apenas dos Estados Unidos.

No entanto, é importante lembrar que a elevação das cotações internacionais começou no segundo semestre de 2024, período em que as indústrias ainda contavam com estoque antigo. Isso possibilitou a manutenção dos preços por alguns meses. Em dezembro, o quilo do produto custava R$ 42,65, e subiu para R$ 56,68 já em janeiro deste ano, momento que os estoques anteriores se esgotaram.

Segundo pesquisa do Instituto Axxus, em 2019, 26% dos consumidores compravam o café de sua preferência, independentemente do preço. Em 2023, o patamar caiu para 15%, indicando uma mudança no comportamento do consumidor.

Ainda conforme o relatório, em 2019, apenas 7% das pessoas optavam pela marca mais barata disponível no momento da compra; enquanto em 2023 esse índice subiu para 16%. Os dados revelam que essa transformação nos hábitos já vem ocorrendo há alguns anos — e é bem provável que na próxima pesquisa essa mudança fique ainda mais evidente.

O diretor executivo da Abic, Celírio Inácio, destacou que a maior parte do café consumido no país é da categoria tradicional. Os especiais e gourmet, por apresentarem preços mais elevados, representam uma fatia menor. Segundo ele, a diferença deve se acentuar ainda mais este ano, diante do cenário que se mantém desde o segundo semestre de 2024. (Com informações do portal O Dia)

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