Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2025
A Polícia Civil de São Paulo acatou o pedido do Ministério Público e instaurou um inquérito policial para apurar a denúncia de estupro feita pela comediante Juliana Oliveira contra o apresentador Otávio Mesquita.
A ex-assistente de palco do programa “The Noite”, do SBT, acusa Mesquita de ter passado a mão nas partes íntimas dela, sem consentimento, durante uma gravação do programa de Danilo Gentili em 25 de abril de 2016.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o 7° Distrito Policial de Osasco é responsável pela investigação e “realiza diligências para o esclarecimento do caso”. Outros detalhes não foram divulgados.
Na sua solicitação, feita em 2 de abril, a promotora Priscila Longarini Alves, da Promotoria de Justiça Criminal de Osasco – cidade onde fica a sede do SBT – afirma que “existem elementos que necessitam de maior investigação quanto à prática de eventual infração contra a dignidade sexual” de Juliana.
A promotora escreveu ainda que “a vítima exercia a função de assistente de palco, quando, no dia 25 de abril de 2016, durante a exibição do programa ‘The Noite’, transmitido pelo SBT, o representado, em tese, a agarrou e, em seguida, posicionou a genitália próximo ao rosto dela, bem como passou a apalpá-la nos seios e nádegas. A vítima, por sua vez, tentou desvencilhar-se, em oposição ao ato praticado”.
A defesa de Mesquita afirmou na quarta-feira que não havia recebido notificação formal acerca do inquérito. “Aguardamos a comunicação oficial para que nos manifestemos, prestando todos os esclarecimentos necessários, inclusive de modo a indicar a ausência de regular representação dentro do prazo legal aplicável à época”, informou o advogado Matheus de Oliveira.
A comediante Juliana Oliveira contou detalhes do episódio e disse que chegou a ser trancada diversas vezes no banheiro pela produção do programa para não encontrá-lo no estúdio.
Em uma rede social, Juliana fez um pronunciamento na terça-feira (15) sobre quando Mesquita passou a mão em suas partes íntimas, sem seu consentimento, durante a gravação do programa de Danilo Gentili em 2016. Em março deste ano, Juliana entrou com uma representação criminal contra ele no Ministério Público.
“O cara já chegou com as duas mãos na minha bunda, no meu peito. Eu dei um ‘chega para lá’ nele, só que ele não parava. Quando ele desvirou, foi pior ainda, ele me agarrou à força. Aquilo ali foi uma violência. Ele me agarrou à força, até a minha cabeça no meio das pernas ele colocou”, disse Juliana Oliveira.
Ela disse ainda que o programa ignorou as suas queixas, que, segundo ela, foram feitas desde o primeiro momento. A solução adotada pelo “The Noite” foi não chamar Mesquita mais para o programa como convidado.
No entanto, a comediante relatou que ele aparecia mesmo assim no estúdio e, quando isso acontecia, ela era levada pela produção para o banheiro.
“Otávio Mesquita invadia o ‘The Noite’ e eu era trancada no banheiro como se a errada fosse eu, como se a culpada fosse eu, como se a criminosa fosse eu”, disse.
Ela disse que ficou “por muitos anos sendo trancada no banheiro”. “Fui começar a entender de fato o que aconteceu comigo em 2020. quando eu vi o Danilo defendendo a Dani Calabresa do Marcius Melhem na internet”, relatou.
A comediante contou que demorou para denunciá-lo porque tinha medo de perder o emprego já que “estava mexendo com gente grande”. No ano passado, ela tomou coragem e formalizou a denúncia no compliance do SBT. No entanto, a emissora decidiu demiti-la em fevereiro deste ano, após cerca de 11 anos de trabalho.
“Eu fiz uma denúncia para uma empresa comandada por mulheres e nem mesmo elas me ouviram. Só fui à Justiça porque o SBT não fez absolutamente nada”, acusou.
A defesa de Mesquita lamentou o que chamou de “ataques pessoais” e afirmou que o vídeo será inserido em ação indenizatória contra ela para “defender a honra e bom nome” do apresentador.
Em nota, o SBT informou que “tomou, a tempo, todas as providências que lhe competia por meio do seu Departamento de Governança Corporativa”.
Otávio Mesquita também se pronunciou sobre a denúncia por meio das redes sociais e disse que está muito triste com a “acusação caluniosa” contra ele. Ele enfatizou que, em quase dez anos do episódio, “nunca houve nenhuma manifestação pública ou desagravo da comediante” sobre o episódio.
“Esse programa foi o ar há quase 10 anos. E, nesse período todo, não houve nenhum registro de desagravo ou reclamação. Nem mesmo no dia da gravação houve alguma reclamação ou pedido, que alguém falasse: ‘Ah, não quero que isso vá para o ar, que essa brincadeira não fosse exibida’. Isso é absurdo. Aliás, sinto muito se essa cena combinada com o elenco do programa foi mal interpretada”, declarou.
Ele afirmou ainda ter sido surpreendido com a acusação de estupro.
“Olha que loucura isso. Eu demorei para entender tudo do que se tratava, no fim percebi que esta acusação era sobre uma brincadeira na abertura do programa do Danilo Gentili que foi tudo combinado de uma maneira informal, onde eu participei, aliás, como convidado, em 2016”, disse.