De forma inédita no Estado, a apuração de casos envolvendo o sumiço de adultos em Porto Alegre conta agora com uma unidade especializada: a Delegacia de Investigação de Pessoas Desaparecidas, vinculada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), até então encarregado desse tipo de ocorrência, muitas vezes de elucidação complexa.
As atividades já estão sendo realizadas pela equipe – Roberta e outros cinco agentes – em uma sala no segundo andar do Palácio da Polícia, a sede da corporação na capital gaúcha. O endereço é avenida João Pessoa nº 2.050, na esquina com a Ipiranga (bairro Santana).
Embora a nova delegacia tenha como foco a investigação qualificada desse tipo de caso, a titular da 2ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), Roberta Bertoldo acrescenta que o registro de ocorrência de pessoas desaparecidas pode ser efetuada em qualquer Delegacia de Polícia do Estado, inclusive na versão on-line da corporação.
Também não é necessário aguardar prazo mínimo para o registro do boletim de ocorrência. Já as situações envolvendo crianças e adolescentes desaparecidos continuarão sob a responsabilidade investigativa do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), também vinculado à Polícia Civil.
Estatística
Somente no ano passado, foram 1.349 registros de desaparecimento de maiores de 18 anos em Porto Alegre. “Em geral, são casos que vão desde pessoas que se ausentam por vontade própria, deixando seus familiares angustiados, até homicídios cujo corpo da vítima não é encontrado”, pondera a delegada Roberta Bertoldo.
“A partir de agora, casos de pessoas desaparecidas deixam de ser tratados num setor da Delegacia de Homicídios e passam para um órgão especializado, sem necessidade de dividir atenção com outras investigações”, analisa a chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor. Ela aposta no sucesso da iniciativa.
De acordo com a diretora do DHPP, delegada Vanessa Pitrez, a unidade recém-inaugurada também permitirá um grande avanço na utilização de ferramentas inovadoras que permitam à sociedade colaborar na localização de pessoas, por meio do repasse ágil e fácil de informações às autoridades, o que é fundamental:
“Ainda vem sendo alinhado convênio com o Ministério Público Estadual para uso compartilhado de um sistema integrado de informações sobre pessoas desaparecidas no Brasil, que permitirá à Polícia Civil gaúcha se integrar na articulação com vários órgãos e agentes públicos em torno de uma política nacional de descoberta de paradeiros”.
(Marcello Campos)