A morte de Walewska Moreira de Oliveira, jogadora de vôlei e campeã olímpica com a seleção brasileira em Pequim-2008, é investigada como suspeita pela Polícia Civil do Estado de São Paulo. O boletim de ocorrência indica que ela caiu do 17º andar do condomínio Ciragan Home, no bairro Bela Vista, na capital paulista. Seu corpo foi levado para Belo Horizonte, sua cidade natal. O velório será às 6h e sepultamento está marcado para as 10 horas da manhã deste sábado (23), no Bosque da Esperança.
O documento foi registrado no 78º Distrito Policial, nos Jardins, zona oeste de São Paulo, e aponta que a ocorrência se deu às 18h09 de quinta-feira e foi comunicada às 20h19. Ricardo Alexandre Mendes, marido de Walewska, e duas testemunhas, deram depoimento à polícia.
Segundo o boletim, Walewska caiu do 17º andar em cima da sacada de um apartamento do primeiro andar. Uma unidade de resgate tentou reanimar a atleta, mas a morte foi constatada no próprio local. Ela estava na área de lazer, que fica no 17º andar do condomínio. O local é de uso exclusivo dos moradores e seu acesso se dá por meio da biometria facial. O sistema de monitoramento gravou Walewska entrando no local sozinha, às 16h50.
De acordo com o boletim de ocorrência, o marido da jogadora foi informado do fato por mensagens instantâneas no grupo do próprio condomínio. Mendes disse à polícia que chegou no apartamento do casal às 17h30 e declarou não saber que sua mulher estava no prédio. A gestora do condomínio informou ao marido da atleta sobre a morte. Ele teria ficado muito chocado e permanecido “imóvel para não ter de ver sua mulher naquela situação”.
Natural de Belo Horizonte, Waleswka defendeu diversos clubes durante a vitoriosa carreira. Começou no Minas, entre 1995 a 1998. Voltou ao clube entre os anos de 2014 e 2015. Jogou pelo Rexona/Ades, São Caetano, Sirio Perugia da Itália, Murcia da Espanha, Zarechie da Rússia, Vôlei Futuro, Vôlei Amil, Osasco e Praia Clube. No Brasil, tinha duas conquistas da Superliga (1999-2000 e 2017-18), Supercopa (2019, 2020 e 2021), Campeonato Mineiro (2019 e 2021), Sul-Americano (2021). O Praia Clube aposentou a camisa 1 utilizada pela jogadora.
Repercussão
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), em nota oficial, lamentou o falecimento da atleta, que além do ouro em Pequim 2008, também ganhou o bronze em Sydney 2000, três títulos do Grand Prix, os Jogos Pan-Americanos de 1999 e a Copa das Campeões de 2013 pela equipe nacional. “Walewska era uma jogadora especial, sua trajetória no esporte será para sempre lembrada e reverenciada. Neste momento tão difícil, a CBV se solidariza com a família e os amigos desta grande jogadora”, disse o presidente da CBV, Radamés Lattari.
Nessa madrugada, após tomar conhecimento da morte da jogadora, a Seleção entrou em quadra, no Japão, e perdeu para a Turquia por 3 sets a 0 (21/25, 27/29 e 19/25), pelo Pré-Olímpico. As jogadoras utilizaram braçadeiras em homenagem à central. “A Wal foi um exemplo de coragem, de resiliência, uma mulher forte. Ela fez parte de uma geração que me fez querer ser jogadora de vôlei. Estivemos com ela há pouco tempo em Barueri e, mais uma vez, ela deixou uma mensagem de incentivo muito forte. Queremos continuar esse legado que ela deixou para nós”, lamentou a ponteira Gabi.
“Está doendo muito. Sabíamos que tínhamos que disputar esse jogo, nos juntamos e deixamos para chorar depois da partida. Foi difícil conter as lágrimas na nossa oração de pré-jogo. Temos mais dois jogos importantes para a classificação e hoje deixamos a desejar em algumas situações. Agora vamos sentir esse luto. Quando cheguei na seleção a Wal era uma das mais experientes. Aprendi muito com a postura dela. A Wal foi um espelho pela educação, o charme e a resiliência. Ela representou o Brasil lindamente. O esporte perde um grande ícone, uma representante de muito amor pelo voleibol”, disse a central Thaísa.
“É um momento muito difícil, de muita tristeza. A Walewska foi um exemplo de dedicação, comprometimento, ela tinha tudo de bom que uma atleta pode ter. Ela sempre se cuidou muito, ajudou seus times, desde muito nova. Ficamos sem chão. Falando do jogo, a Turquia pressionou o nosso time e nosso saque precisava fazer mais a diferença. Agora temos que pensar na Bélgica e no Japão para buscar a nossa classificação. Temos que deixar passar esse momento triste. Eu conheci a Walewska e sei que se ela tivesse aqui ela pediria para jogarmos por ela. A Walewska deixa um legado como atleta e ser humano. Ela foi uma atleta que todo o treinador gostaria de ter no seu time”, falou o técnico José Roberto Guimarães.