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Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2022
As primeiras informações do Itamaraty são de que o atirador seria de São Paulo, filho de mãe argentina e pai chileno.
Foto: ReproduçãoA Polícia Federal Argentina (PFA) apreendeu na casa de Fernando Andrés Sabag Montiel, o brasileiro preso por tentar atirar em Cristina Kirchner, 100 balas de calibre 9 milímetros, segundo informações obtidas pelo jornal local “La Nación” com fontes que participam da investigação.
Até sua prisão, Montiel, nascido no Brasil, morava em um apartamento alugado de um cômodo no município de San Martín, na Grande Buenos Aires. O dono do lugar, Sergio Paroldi, de 46 anos, falou com o diário argentino e contou da surpresa ao descobrir o que o inquilino havia feito.
“Cheguei tarde em casa. Liguei a TV para ver o que se sabia sobre o ataque a Cristina e de repente vi uma foto do meu inquilino no noticiário. Era o Fernando! Não consigo acreditar”, disse.
O suspeito morava no cômodo alugado de 15 metros quadrados nos fundos do terreno de Paroldi havia 8 meses. Até a chegada da polícia, o dono da casa não tinha conhecimento das condições em que vivia seu inquilino, entre vários objetos bagunçados, misturados com lixo.
Perto de um vaso sanitário entupido, de acordo com o “La Nación”, há uma pia quebrada, panelas sujas, uma pilha de cobertores, roupas e alimentos, entre os quais inúmeros sacos de batatas fritas, lingerie, e utensílios para práticas sexuais, como vibradores e um chicote de couro sintético preto.
“Isso não está bagunçado assim porque foi mexido pela polícia. Estava assim antes de começarem a checar”, conta Fabricio Pierucchi, assistente social e melhor amigo de Paroldi. Ele estava na casa desde a noite de quinta (1º). Pierucchi e Paroldi foram para a delegacia por volta das 3h para informar sobre a moradia de Montiel. “O mais surpreendente, além do cheiro e da sujeira, é a quantidade de utensílios fetichistas. Não tínhamos ideia dessa faceta dele”, comentou Pierucchi.
“Ele não parecia nem um pouco louco. Ele sempre foi muito educado, sempre com respeito. Por isso estamos tão surpresos”, disse Paroldi.
O que chamava a atenção era sua pouca vida social. “Ninguém na região o conhece. Ele não falou nada. Comigo era ‘oi e tchau’. Eu o via pouco ou nada. E ele sempre entrava e saía sozinho. Apenas algumas semanas atrás, ele apareceu com uma mulher ruiva. Já a vi entrar duas ou três vezes. E eu pensei: ‘é bom que ele tenha namorada agora”, contou Paroldi.
De acordo com o ministro de Segurança argentino Montiel já recebeu advertência por estar carregando uma faca em 2021 e tatuou símbolo nazista no corpo.
Ainda não se sabe qual foi a motivação para a tentativa de assassinato de Cristina Kirchner, que ocorreu quando ela acenava para simpatizantes na frente de sua casa no bairro da Recoleta, em Buenos Aires. O brasileiro levanta a mão esquerda com a arma, que estava carregada, engatilha e tenta o disparo, mas a arma falha.
O documento do brasileiro obtido pela Polícia Federal argentina mostra que ele nasceu em São Paulo, mas que não é filho de brasileiros e que vivia desde a década de 1990 no país vizinho, para onde se mudou aos seis anos.
As primeiras informações do Itamaraty são de que o atirador seria de São Paulo, filho de mãe argentina e pai chileno. O pai dele teria sido expulso do Brasil em 2021.
Os registros comerciais afirmam que o brasileiro tem autorização para atuar como motorista de aplicativos na Argentina e tem um carro em seu nome.