Na decisão que converteu a prisão em flagrante do ator José Dumont em preventiva, por armazenar pornografia infantil, em audiência de custódia nessa sexta-feira (16), o juiz Antonio Luiz da Fonseca Lucchese, argumentou que “a situação tem contornos de gravidade” ao apontar, no documento, que teriam sido encontrados com o ator cerca de 240 arquivos, entre imagens e vídeos, o que indicia reiteração criminosa. O acusado continua Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa de José Dumont, no Catete, na Zona Sul do Rio, policiais civis encontraram em seu celular e computador imagens e vídeos de crianças e adolescentes em prática de atos libidinosos, conforme aponta a decisão.
Confrontado com as imagens apreendidas, o ator confirmou, em depoimento prestado à polícia na quinta-feira (15), que elas eram de sua propriedade e faziam parte de um “estudo para a futura realização de um trabalho acerca do tema, sem tabus ou filtros”. O ator disse ainda que conseguiu as imagens na internet e negou já ter fotografado, filmado, produzido ou editado imagens de crianças e adolescentes em contexto pornográfico.
José Dumont afirmou aos policiais que não participa de grupos virtuais para trocas dessas imagens. O ator disse ainda que jamais comprou ou vendeu material com pornografia infantil e reafirmou, ao fim do depoimento, que apenas armazenava as imagens para “consultas e estudos”.
A defesa do ator ainda não se pronunciou sobre a prisão. José Dumont foi alvo de investigação em inquérito pelo crime de estupro de vulnerável. De acordo com a polícia, ele teria se aproveitado do prestígio e reconhecimento como ator para atrair a atenção de um adolescente de 12 anos, que era seu fã. A denúncia partiu de vizinhos. Segundo a investigação, câmeras de segurança do condomínio onde ele mora flagraram o ator cometendo abusos contra o adolescente, como beijos e carícias.
A investigação aponta ainda que ele desenvolveu um relacionamento próximo com o menino, oferecendo ajuda financeira e presentes, valendo-se da vulnerabilidade financeira da vítima para, a partir daí, fazer investidas com beijos na boca e carícias íntimas, que acabaram sendo captadas por câmeras de vigilância, dando início às investigações.
Com mais de 40 de carreira, José Dumont estava escalado para a novela “Todas as flores”, no Globoplay, plataforma de streaming da TV Globo, que tem estreia prevista para outubro. Em nota, a Globo afirmou que o ator foi retirado da trama criada e escrita por João Emanuel Carneiro com direção artística de Carlos Araújo.