A Polícia Federal (PF) fez buscas no apartamento do ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse (Agir), em uma investigação sobre contratos de obras e infraestrutura. Em nota, ele informou que não teve acesso à decisão judicial que desencadeou a operação.
Os policiais também fizeram buscas na Secretaria das Cidades, Habitação e Desenvolvimento Regional e na Agência Tocantinense de Transportes e Obras. O governo atual diz que colabora com a investigação.
Os contratos suspeitos, fechados entre 2018 e 2019, somam cerca de R$ 10 milhões. Eles envolvem o aluguel de máquinas, a compra de combustíveis e a contratação de serviços de manutenção de infraestrutura.
A PF suspeita que as licitações tenham sido fraudadas para direcionar os contratos a empresas específicas e desviar parte dos recursos públicos recebidos sem a prestação integral dos serviços.
A Controladoria-Geral da União (CGU) fez uma primeira análise dos contratos e apontou as suspeitas de irregularidades.
A investigação tramita na 4ª Vara Federal de Palmas, que autorizou a Operação Timóteo 6:9. Foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão em Palmas, Gurupi e Dianópolis.
A Justiça Federal também decretou medidas cautelares, mas a PF não informa quais são. Procurada pelo Estadão, a corporação informou que não vai divulgar um balanço da ofensiva. “O caso ainda está sob investigação e permanece sob sigilo.”
A Operação Timóteo 6:9 é uma referência à passagem bíblica que afirma que “os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição”.
O ex-governador do Tocantins renunciou ao cargo em março de 2022, a nove meses do final de seu segundo mandato, para escapar do processo de impeachment. Na época, ele estava afastado por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em meio a investigações da Polícia Federal por suposta cobrança de propina de prestadoras do plano de saúde dos servidores.
A Operação Timóteo 6:9 é a terceira deflagrada pela Polícia Federal no Tocantins no intervalo de seis dias. Na semana passada, a PF abriu duas ofensivas, uma sobre o desvio de recursos para a distribuição de cestas básicas na pandemia, que atinge o atual governador, Wanderlei Barbosa (Republicanos), e outra envolvendo a suspeita de venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça do Estado.