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Política Polícia Federal abre inquérito para apurar se houve crime na tentativa de entrar no Brasil com joias não declaradas trazidas da Arábia Saudita

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"O que eu tenho a ver com isso?", questionou ex-primeira-dama, ao ressaltar que o conjunto era masculino. (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)

A Polícia Federal (PF) abriu inquérito, na noite dessa segunda-feira (6), para investigar a entrada do pacote de joias entregue pela Arábia Saudita ao casal Jair e Michelle Bolsonaro. O ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, pediu a apuração.

A investigação ficará sob a responsabilidade da Superintendência da PF em São Paulo, já que a apreensão ocorreu em Guarulhos, na Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários.

O pacote de joias foi entregue pelo presidente do país saudita ao ministro de Minas e Energia à época, Bento Albuquerque, que representava o então presidente Jair Bolsonaro em um evento.

O item não foi declarado e ficou apreendido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, pela Receita Federal.

A PF quer saber se houve crime na tentativa de entrar com as joias no Brasil. Segundo Dino, os fatos “podem configurar os crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro, entre outros possíveis delitos”.

Entenda o caso

Em outubro de 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi convidado a participar de um evento do governo da Arábia Saudita. No entanto, ele não compareceu. O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque representou o Brasil na ocasião.

Ao final do evento, o príncipe Mohammed bin Salman Al Saud entregou ao ex-ministro um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões.

Os objetos foram dados como presente para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ex-ministro de Minas e Energia e a equipe de assessores dele viajaram em voo comercial.

Ao chegar ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no dia 26 de outubro de 2021, um dos assessores foi impedido de levar os presentes, já que os valores ultrapassam mil dólares.

A Receita Federal no Brasil obriga que sejam declarados ao fisco qualquer bem que entre no País cujo valor seja superior a essa quantia.

Questionados sobre o motivo pelos quais as joias não foram registradas antes de chegar ao Brasil, interlocutores alegaram que o assessor do Ministério de Minas e Energia deveria ter informado que se tratava de um presente do reino da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama e o então presidente.

“O assessor deveria ter informado oficialmente os itens e falado que eram presentes. Neste caso, não seria cobrado qualquer imposto e as joias seriam consideradas como propriedade do estado brasileiro”, explicam as fontes.

Ofícios descrevem que o material seria encaminhado “ao acervo” e que teria “um destino legal adequado”.

“Considerando a condição específica do ministro [de Minas e Energia] — representante do senhor Presidente da República, a inviabilidade de recusa ou devolução imediata de presentes em razão das circunstâncias correntes; e os valores histórico, cultural e artístico dos bens ofertados; se faz necessário e imprescindível que seja dado ao acervo o destino legal adequado”, afirma o documento.

Bolsonaro

Após participar de evento nos Estados Unidos no último sábado (4), o ex-presidente Jair Bolsonaro negou a ilegalidade do recebimento de joias trazidas da Arábia Saudita e apreendidas no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.

O ex-presidente disse que, do ponto de vista da legislação, as joias poderiam ser usadas pela então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

“Dois, três dias depois a Presidência notificou a alfândega que era para ir para o acervo, até aí tudo bem. Nada de mais. Poderia, no meu entender, a alfândega ter entregue. Iria para o acervo e seria entregue à primeira-dama. O que diz a legislação? Ela poderia usar, não poderia desfazer-se daquilo. Só isso, mais nada. Agora estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não recebi”, afirmou Bolsonaro.

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