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Notícias Polícia Federal apura se o general Braga Netto tentou aliciar “kids pretos” na tentativa de um golpe de Estado

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Braga Netto refuta a hipótese de que estivesse cogitando um "golpe dentro do golpe" para derrubar Bolsonaro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Polícia Federal investiga se o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, general Walter Braga Netto (PL), tentou aliciar militares das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, para um possível golpe de Estado a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada pela Reuters a partir de documentos da investigação.

A organização criminosa que, segundo a PF, é suspeita de planejar uma ruptura institucional para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi dividida em seis núcleos pelos investigadores. Braga Netto – que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022 – faria parte de duas frentes, responsáveis por incitar e influenciar militares a aderir a um golpe de Estado.

Uma reunião no apartamento do então ministro da Casa Civil, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, é considerada pelos investigadores peça-chave no inquérito. Os participantes teriam discutido os valores para financiar hotel, alimentação e material para manifestantes bolsonaristas, incluindo militares. A PF investiga quem participou do encontro, presencialmente e também por videoconferência. Maria Aparecida Villas Bôas, mulher do ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, teria acompanhado a reunião na capital federal remotamente.

Mensagens obtidas pela PF no curso da investigação mostram que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ajudou a organizar protestos no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 15 de novembro de 2022, data da Proclamação da República, e prometeu suporte das Forças Armadas para garantir a segurança dos manifestantes.

O tenente-coronel, conforme as investigações, ofereceu R$ 100 mil para cobrir gastos com hospedagem e alimentação de manifestantes, além de materiais, e orientou que pessoas fossem trazidas do Rio. Cid, que era uma espécie de “faz-tudo” de Bolsonaro, fechou acordo de delação e foi o pivô da Operação Tempus Veritatis, que implicou Bolsonaro, ex-ministros e ex-integrantes da cúpula das Forças Armadas em trama golpista.

Segundo encontro

A PF identificou ainda um segundo encontro, também em Brasília, que teria sido marcado com o objetivo específico de arregimentar militares simpáticos ao plano golpista. Àquela altura, aliados de Bolsonaro estariam em busca de “suporte” para impedir a posse de Lula e restringir uma reação do Poder Judiciário, segundo relatórios do inquérito.

Mauro Cid e o coronel Bernardo Romão Correa Neto teriam articulado a reunião, que ocorreu no dia 28 de novembro de 2022 em um salão de festas na Asa Norte. “Só chamamos os FE (Forças Especiais)”, disse o coronel ao ex-assessor de Bolsonaro em mensagem no WhatsApp.

Os militares da elite do Exército integram o Comando de Operações Especiais (Copesp) e usam gorros pretos nas operações – daí o nome do grupo. Em fevereiro, Bernardo Romão foi um dos alvos de mandado de prisão na Operação Tempus Veritatis.

A PF suspeita que a reunião serviu para o grupo redigir uma carta para pressionar o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, a aderir ao golpe de Estado após o resultado da eleição daquele ano. Ouvido como testemunha pelos federais, Freire Gomes disse ter rechaçado qualquer ruptura.+

Depoimentos

O ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), general Estevam Theóophilo, e seu assistente, o coronel Cleverson Ney Magalhães, foram questionados pela PF sobre a reunião, durante os depoimentos prestados no mês passado. O general negou ter participado do encontro. O assistente, por sua vez, declarou que a reunião não passou de uma “confraternização informal”.

Theóphilo foi apontado pela PF como o “responsável operacional” por arregimentar as Forças Especiais do Exército para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento, o general disse que não sabia do plano.

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