Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2024
Os investigadores já concluíram todas as diligências do caso e a investigação deve ser encerrada em 30 dias.
Foto: Divulgação/STFA Polícia Federal (PF) considera levar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a proposta de homologação de três acordos de delação premiada apresentados por investigados. As negociações ocorreram no âmbito do inquérito que investiga o uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o trânsito de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva no dia da votação do segundo turno de 2022, especialmente na região Nordeste, reduto eleitoral do petista. As informações são do jornal O Globo.
Os investigadores já concluíram todas as diligências do caso e a investigação deve ser encerrada em cerca de 30 dias. Agora, a PF avalia se é necessário incluir as delações premiadas no inquérito e quais benefícios elas poderiam trazer à investigação, considerando que já existem outros elementos robustos sobre o caso.
Caso a Polícia Federal opte por não submeter ao ministro Alexandre de Moraes as três propostas de delação, os investigados enfrentarão os processos pelos crimes dos quais são acusados sem os benefícios dos acordos. A expectativa é de que o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, será um dos indiciados.
No ano passado, o ex-ministro de Bolsonaro prestou depoimento neste inquérito e negou interferência no trabalho da PRF no dia da votação. Torres disse que sua preocupação era com crimes eleitorais, com compra de votos, independentemente do partido. Investigadores afirmam que a PF já colheu provas e depoimentos que desmontam a versão do ex-ministro.
Um dos fatos que mais compromete Torres é uma viagem à Bahia na véspera do segundo turno de 2022. A PF sustenta que ele foi ao estado, para pressionar o então superintendente da PF na Bahia, Leandro Almada, a realizar operações conjuntas com a PRF de bloqueios nas estradas. Torres alega que foi a convite de Marcio Nunes, ex-diretor-geral da PF, para visitar uma obra.
A investigação aponta que uma planilha feita pela Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça trazia os locais em que Lula e Jair Bolsonaro foram mais bem votados no primeiro turno. O documento teria embasado os bloqueios. O ex-ministro nega ter repassado os dados para a PRF.
Do primeiro para o segundo turno das eleições, a PRF multiplicou por até nove o número de ônibus fiscalizados em Estados do Nordeste, região em que o presidente eleito Lula teve maior votação. Além disso, o aumento no controle de coletivos durante o pleito chegou ao triplo do registrado nacionalmente, segundo dados sigilosos do órgão obtidos pelo Estadão.
As informações serão apuradas pelo Ministério Público Federal, que vai investigar se a PRF foi usada por grupo que agiria na cúpula do órgão para dificultar votos em áreas predominantemente petistas. A fiscalização de transporte público chegou a ser proibida pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, no domingo passado.