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Polícia Federal busca pistas de eventual envolvimento de homem-bomba com militares

Peritos vasculham o celular de Francisco Wanderley Luiz em busca de possíveis cúmplices e financiadores. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Entre as mensagens que o homem-bomba de Brasília, Francisco Wanderley Luiz, deixou públicas em suas redes sociais antes do atentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), chamaram a atenção dos investigadores da Polícia Federal trechos com chamados aos militares para que aderissem ao que ele chamava de “revolução”:

“Estamos atravessando um período bastante turbulento em nosso país. São vários os motivos, porém um dos principais é sem dúvida as armas pesadas estarem nas mãos das gazelas saltitantes. Te levanta caserna! Não te deixe manipular…”, em um texto postado no Facebook, seguido por emojis de caveira e mais uma exortação: “Soldado, mostra teu valor!”, complementou ele em uma das mensagens publicadas no Facebook. Depois das explosões na Praça dos Três Poderes, a conta dele no Facebook foi derrubada pela própria plataforma.

As mensagens postadas na rede tinham sido enviadas pelo homem-bomba para ele mesmo via WhatsApp e foram exibidas possivelmente como forma de ameaça antes do atentado. Nelas, fica claro que Francisco, conhecido como Tiu França, planejou a ação – e sonhava com o apoio do Exército.

A Polícia Federal está em busca de pistas de eventual envolvimento de Francisco com militares ligados ao movimento golpista que levou ao planejamento de um atentado ao aeroporto de Brasília, abortado em dezembro de 2022 e os ataques de 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes.

A PF ainda procura computador, celular e outros aparelhos que possam levar a pistas sobre a eventual participação de outras pessoas, inclusive financiando o atentado.

“Generais (Freire Gomes) e (Tomás Paiva). Se por acaso for decretado Estado de Sítio, sugiro a vocês que fiquem do lado do povo; Do contrário, a inteligência vai entrar em ação; E esse caso eu só lamento por vocês.”, dizia outra postagem.

As mensagens do homem-bomba sugerem que ele escolheu a data do atentado pela proximidade com a proclamação da República. Num dos textos, ele diz: “Sugiro a vocês uma data especial para iniciar uma revolução: 15/11/2024. Após este grande acontecimento, vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da República!!!”. Mais adiante, ele escreveu que “Os planos estão na reta final” e, em outro momento, menciona que a ação iria até o dia 16 de novembro. “O jogo acaba em 16/11/2024. Boa sorte!”

Acampamentos golpistas

Em conversa com os agentes da Polícia Federal que foram à casa de Francisco na cidade de Rio do Sul, onde ele vivia, sua ex-mulher disse que ele participou de acampamentos golpistas em frente a quartéis em Santa Catarina. Menções às cores da bandeira do Brasil e emojis com o símbolo nacional, capacetes militares e desenhos de ninjas com balaclava também estão espalhados pelas mensagens.

A sequência de textos demonstra que Tiu França, que foi candidato a vereador pelo PL em 2020 e não se elegeu, chegou a visitar o Supremo Tribunal Federal já com os planos para o ataque, em agosto de 2024. Na ocasião, ele postou uma foto dentro do plenário da Corte e escreveu; “Deixaram a raposa entrar dentro do galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo. Provérbios 16:18 (A soberba precede a queda).

Na noite dessa quarta-feira, Francisco tentou entrar no Supremo, mas foi barrado pelos seguranças. Só depois disso ele se aproximou da estátua da Justiça e lançou as bombas que depois também o mataram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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