Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2024
A Polícia Federal (PF) concluiu em seu relatório que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o principal responsável pelo planejamento e execução de um golpe de Estado no final de 2022, com o objetivo de manter-se no poder.
O documento de 884 páginas, enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi encaminhado pela autoridade judicial à Procuradoria-Geral da República (PGR) nessa terça-feira (26). O relatório descreve que os “atos executórios”, realizados por um grupo que atuava sob a liderança de Bolsonaro, tinham a intenção de abolir o Estado democrático de direito. No entanto, segundo a PF, o golpe não foi consumado devido a “circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro”, como esclarecido no próprio texto.
“Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito”, aponta o relatório, que teve seu sigilo retirado.
A Polícia Federal afirma que as provas reunidas são suficientes para responsabilizar o ex-presidente por sua participação ativa nos eventos que visavam desestabilizar o sistema democrático do Brasil.
O relatório também solicita o indiciamento de 37 pessoas envolvidas no plano golpista, incluindo Bolsonaro. Com o material agora encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), cabe ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, analisar as provas e decidir os próximos passos, que podem incluir o oferecimento de uma denúncia, a solicitação de novas investigações ou até o arquivamento do caso, caso entenda que não há elementos suficientes para seguir com a acusação.
Além disso, outros trechos do relatório indicam que Bolsonaro estava ciente e até concordou com a elaboração de uma carta, intitulada “Carta ao comandante do Exército de oficiais superiores da ativa do Exército Brasileiro”.
A PF aponta que o objetivo desse documento era “incitar os militares e pressionar o comando do Exército a aderir à ruptura institucional”, uma estratégia para buscar apoio militar à tentativa de golpe.