A PF (Polícia Federal) afirmou que deputados sob suspeita na Operação Lava-Jato lavaram propinas do esquema de corrupção na Petrobras por meio de doações eleitorais para suas campanhas. No relatório em que atribui corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara, Candido Vaccarezza (PT/SP), e aos deputados Nelson Meurer (PP/PR) e Vander Loubet (PT/MS), a PF assinalou que eles receberam do esquema de propinas que se instalou na estatal, em razão de suas funções parlamentares.
A conclusão da PF reforça, com novos elementos e indícios, a tese de que mesmo as contribuições legais das empreiteiras para os políticos possam ter sido usadas para drenar recursos oriundos dos desvios na estatal com objetivo de corromper agentes públicos e desequilibrar pleitos eleitorais em favor de grupos e partidos.
Em delação premiada, o doleiro Alberto Youssef – peça central da Lava-Jato – afirmou ter entregue pessoalmente propina na casa de Vaccarezza, umas três ou quatro vezes a pedido do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo o doleiro, em cada entrega foram repassados 150 mil reais em espécie ao petista.
A PF afirmou que as propinas para Nelson Meurer, Vander Loubet e Vaccarezza somaram 3,65 milhões de reais. Parte desse montante, sustentou a PF, foi repassada aos deputados como forma de doação eleitoral.
A linha de investigação da força-tarefa da Operação Lava-Jato de que o esquema de corrupção utilizou doações oficiais para transferir propinas para candidatos e partidos envolve diretamente as campanhas da presidenta Dilma Rousseff (2010/2014). Ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) questionam a chapa da petista e podem, no limite, levar à impugnação das candidaturas. (AE)