Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de outubro de 2015
Relatório da Operação Zelotes que deu base às decisões judiciais que deflagraram a terceira fase da investigação, na segunda-feira, afirma que Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministro durante o primeiro governo Dilma Rousseff, esteve em “conluio” com um lobista interessado na edição de uma MP (medida provisória) que beneficiou o setor automotivo.
De acordo com a PF (Polícia Federal), Mauro Marcondes, sócio-proprietário da microempresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa, e outro escritório de lobby, a SGR Consultoria Empresarial, de José Ricardo da Silva, pagaram pelo menos 6,4 milhões de reais a “colaboradores” a fim de conseguirem editar a MP no final de 2009, pela qual foram prorrogados por cinco anos benefícios fiscais concedidos em uma lei de 1999. Segundo a PF, as duas empresas mais beneficiadas pela nova medida provisória foram a MMC Automotores do Brasil e a Caoa Montadora de Veículos.
O relatório não reuniu comprovações de que Carvalho recebeu propina para a edição da medida, mas apontou um suposto “conluio” entre o ex-ministro e Marcondes “quando se trata de defesa de interesses do setor automobilístico”. Conforme a PF, a MP de interesse dos lobistas, de número 471, do ano de 2009, é datada de apenas quatro dias depois de um evento que teria ocorrido no dia 16 de novembro de 2009 com a inscrição “Café: Gilberto Carvalho”, encontrada em papel apreendido na casa de outro lobista, Alexandre Paes dos Santos, preso na segunda-feira.
“Constatamos que as relações mantidas entre a empresa do lobista Mauro Marcondes e o Gilberto Carvalho são deveras estreitas. Os documentos que seguem abaixo fortalecem a hipótese da ‘compra’ da medida provisória para beneficiamento do setor automotivo utilizando-se do ministro que ocupava a ‘antessala’ do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, responsável direto pela edição de medidas provisórias”, afirmou o relatório. (Folhapress)