Domingo, 20 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2025
Os chefes dos dois órgãos foram indicações pessoais do presidente Lula.
Foto: Antonio Cruz/Agência BrasilA Polícia Federal (PF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) travam uma disputa pelo poder desde o início da terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
Os chefes dos dois órgãos foram indicações pessoais do presidente: Andrei Passos, na PF; e Luiz Fernando Corrêa, na Abin. O depoimento desta semana do diretor-geral da Abin no inquérito que investiga a Abin Paralela, faz parte da rotina de uma investigação, para esclarecer dúvidas apontadas pelos investigadores da PF.
Mas, nos bastidores, está a disputa entre os dois grupos. Andrei Passos e Luiz Fernando Corrêa são delegados da Polícia Federal. Corrêa chegou a ocupar o mesmo cargo de Andrei Passos em mandatos anteriores do presidente Lula.
Em nota, o diretor-geral da Abin afirmou que “está à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos, seja no âmbito administrativo, civil ou criminal, sobre os fatos relatados na imprensa e que remetem a decisões tomadas em gestão anterior da Agência”.
Investigadores da PF acusam, nos bastidores, a Abin de ter dificultado os trabalhos de investigação da Abin Paralela, que, no governo Bolsonaro, espionou ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos e jornalistas.
A suspeita é de que a atual direção criou obstáculos para proteger ex-dirigentes da Abin da época de Bolsonaro. O grupo de Luiz Fernando Corrêa nega. Afirma que a PF teve acesso a todos os documentos solicitados. E diz que, em uma operação, a PF levou inclusive dados e informações referentes a outras investigações – ato que, na avaliação da Abin à época, foi ilegal.
De acordo com os investigadores, a ferramenta FirstMile foi usada para acompanhar os passos de pessoas que eram consideradas desafetas de Bolsonaro.
A expectativa era de que as apurações fossem finalizadas no fim de 2024, o que ainda não aconteceu. Um funcionário da Abin afirmou em depoimento à PF que a atual gestão do órgão teria mantido operações de invasão hacker a sistemas do governo do Paraguai e de autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu.
O servidor disse que o ataque começou ainda no governo Bolsonaro, mas que continuou durante o governo Lula, com autorização expressa do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor interino Saulo de Cunha Moura, que ocupou o cargo em maio de 2023.
No depoimento marcado para a próxima quinta-feira, a PF quer saber também sobre a operação de espionagem contra o governo paraguaio acerca das negociações em relação ao preço da energia excedente do Paraguai. O país vizinho, pelo contrato, tem de vender essa energia excedente ao Brasil.
Os investigadores da PF vão indagar Luiz Fernando Corrêa quando, de fato, essa operação foi cancelada e se esse cancelamento foi registrado oficialmente.
Integrantes da Abin acusam servidores da PF de vazarem a informação de uma operação iniciada no governo Bolsonaro, e que acabou gerando um início de crise diplomática entre Brasil e Paraguai. As informações são do blog do Valdo Cruz, no portal de notícias g1.