As investigações da Polícia Federal (PF) encontraram uma gravação de uma hora e oito minutos de uma reunião entre o então presidente Jair Bolsonaro e o então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, em que discutiam um plano para proteger o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de uma investigação.
Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo, pela 4ª fase da Operação Última Milha. A ação faz parte de uma série de investigações da PF sobre uma organização criminosa que agia na espionagem ilegal de autoridades públicas e na produção de fake news dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o que ficou conhecida como “Abin paralela”, durante o governo de Jair Bolsonaro.
Segundo a PF, participaram também da reunião do dia 25 de agosto de 2020 o ex-ministro do GSI, general Augusto Heleno e “possivelmente” a advogada do senador Flávio Bolsonaro. No encontro eles trataram sobre as supostas irregularidades cometidas pelos auditores da receita federal na confecção do relatório de inteligência fiscal que deu causa à investigação contra Flávio.
Conforme a PF, o áudio comprovaria a atuação de Bolsonaro para usar a Abin a fim de atender a interesses próprios. Flávio e Bolsonaro foram procurados por esta coluna, mas não retornaram o contato. Em seu perfil no Twitter, no entanto, Flávio negou qualquer relação com a “Abin paralela”.
“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, disse.