Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de janeiro de 2023
A Polícia Federal encontrou um notebook e uma caderneta com identificação do Supremo Tribunal Federal (STF) na mochila de um dos acampados presos no QG do Exército, em Brasília.
Agentes da PF também localizaram uma arma de fogo entre os bens de um manifestante que é policial militar reformado de Minas Gerais. Tratava-se de um revólver 38.
A informação foi dada por um agente da PF que participa das oitivas na Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília, para onde foram levados 1.500 manifestantes presos ontem na frente do QG – ele não quis se identificar.
A advogada Samarah Motta, que visitou o local mais cedo, contou ao GLOBO que viu alguns detidos com caneleiras, joelheiras e botas militares – indumentária que teria sido usada pelos manifestantes na invasão das sedes dos Três Poderes da República. Ela ponderou, no entanto, que a grande maioria detida não participou do quebra-quebra.
Nos depoimentos à PF, alguns suspeitos relatam os nomes de quem financiou as caravanas e quem os estimulou a vir a Brasília neste fim de semana.
Alguns presos foram flagrados pela PF tentando apagar imagens e mensagens do celular enquanto estavam alojados no ginásio. Os registros são usados como provas para saber se eles realmente participaram das depredações dos prédios do Supremo, Palácio do Planalto e Congresso Nacional.
Como não tem efetivo para cuidar de todos os presos, a PF fez um combinado com a Polícia Militar do DF de que a área do ginásio da academia ficaria sob responsabilidade deles. É lá onde os detidos ficaram abrigados à espera de serem interrogados.
Os agentes da PF chamam os alvos em grupos de 30 cada – os primeiros da fila foram idosos, mulheres que têm filhos pequenos e pessoas com comorbidades graces. Os depoimentos duram em média de 30 a 40 minutos.
Até o fim da tarde de hoje, havia ainda cerca de 500 detidos na Academia da PF.
Prejuízos
Enquanto o Governo Federal prossegue no levantamento das obras atingidas pela invasão do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e no Congresso, ocorrida na tarde de domingo, já se sabe que algumas delas não têm condições de ser restauradas, como o relógio do século 17 do francês Balthazar Martinot, relojoeiro de Luíz 14, presenteado a D. João VI pela Corte Francesa e destruído pelos vândalos.
A expectativa é que o balanço final das obras de arte atingidas pelos vândalos que invadiram os prédios em Brasília seja concluído até esta sexta (13).
Outra obra danificada foi uma escultura de Franz Kracjberg, Galhos e Sombras, avaliada em R$ 300 mil, que teve galhos quebrados (a escultura usa uma árvore reciclada) e atirados ao piso do Palácio do Planalto. Entre as obras atingidas, a mais valiosa é o painel As Mulatas, do modernista Di Cavalcanti, perfurada em sete pontos, cujo valor estimado é de R$ 8 milhões. Os prejuízos devem superar a marca dos R$ 10 milhões.