Assessores do presidente Michel Temer confirmaram na manhã dessa terça-feira que agentes da PF (Polícia Federal) estiveram no Palácio do Planalto na semana passada, em busca de acesso a e-mails de Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do emedebista e que ficou conhecido como “o deputado da mala”, em alusão aos R$ 500 mil em dinheiro-vivo de propina do grupo J&F, controlador da JBS/Friboi.
Loures despachava de uma sala do terceiro andar do Palácio, mesmo andar de onde trabalha o presidente da República. Os investigadores queriam acesso ao computador e às mensagens de Rocha Loures.
Na segunda-feira, a imprensa divulgou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso pediu a quebra dos sigilos telefônico e telemático (ou seja, dos e-mails e mensagens trocadas em redes sociais) de Rocha Loures e do coronel João Baptista Lima (amigo de Temer), suspeitos de intermediar o suposto pagamento de propina envolvendo o MDB e Temer.
A solicitação também teve como alvo o dono da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, e de seu diretor Ricardo Mesquita. A medida faz parte do inquérito que investiga se Temer editou um decreto em maio de 2017, alterando regras do setor portuário para beneficiar algumas empresas, dentre elas a Rodrimar, em troca de propina. O presidente Michel Temer também já teve o sigilo bancário quebrado.
No meio da tarde dessa terça-feira, o setor de comunicação social do Palácio do Planalto confirmou, em nota, ter recebido a notificação do STF sobre a quebra de sigilo telemático de Rocha Loures e que todas as informações estão sendo providenciadas e serão enviadas tão logo o levantamento seja concluído.
Histórico
Essa não é a primeira vez que a Polícia Federal investiga e-mails de Rocha Loures. Em um relatório, que faz parte do inquérito dos portos, a Polícia Federal incluiu um e-mail encontrado na casa de Rocha Loures durante uma busca e apreensão em 2017. Segundo os investigadores, este e-mail era do dono da Rodrimar para um escritório de advocacia e tratava de pagamentos da empresa para o escritório.
O fato de um e-mail da Rodrimar ter sido encontrado na casa de Rocha Loures chamou a atenção da Polícia Federal, que resolveu aprofundar as investigações.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, declarou que o presidente não vai recorrer da decisão que quebrou o sigilo e voltou a dizer que Temer vai divulgar os extratos bancários: “O presidente já deixou claro que não se opõe à revelação de seus extratos bancários, tanto que não recorreu. Se tivesse algum óbice, ele teria recorrido. Não recorreu”.
Já a defesa de Rodrigo Rocha Loures afirmou que ele não participou de nada para beneficiar a Rodrimar ou qualquer outra empresa do setor. Na Rodrimar, Antonio Celso Grecco e Ricardo Mesquita não quiseram se manifestar.