A PF (Polícia Federal) indiciou a ex-deputada Aline Corrêa (PP-SP) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato. Ela é filha do ex-deputado Pedro Corrêa, ex-líder do PP. Ele é delator da operação e foi condenado a 20 anos e sete meses de prisão.
O indiciamento ocorreu na segunda-feira (30). Aline também é delatora. O inquérito da PF é baseado nas delações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Os dois já foram condenados em vários processos da Operação Lava-Jato.
Alberto Youssef disse que Aline Corrêa recebia repasses mensais de R$ 30 mil, oriundos do caixa de propina do PP abastecido pelo esquema de corrupção da Petrobras. O relatório do indiciamento ainda se fundamentou em planilhas entregues por outro delator da Lava-Jato – Rafael Ângulo Lopez, considerado braço direito de Alberto Youssef. Nessas planilhas, havia anotações de repasses à ex-deputada, registros de entradas dela na portaria de escritórios do doleiro e quebras de sigilo bancário de uma empresa do marido dela.
Há também declarações do sócio da UTC Ricardo Pessoa, delator e réu condenado na Lava-Jato. Ele disse ter feito doações oficiais à campanha dela, que eram parte da propina paga pelos contratos da empresa com a Petrobras.
Ré na Justiça Federal do Paraná
Aline Corrêa chegou a responder a uma ação penal na Justiça Federal do Paraná, sob a responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro, que julga os casos da Lava-Jato na primeira instância.
Ela era ré no mesmo processo que terminou na condenação de Pedro Corrêa. Porém, a parte da ação relativa aos supostos crimes da ex-deputada foi desmembrada e enviada para a Justiça Federal do Distrito Federal. Com esse novo indiciamento, o MPF (Ministério Público Federal) deve decidir se apresenta ou não mais uma denúncia contra Aline Corrêa ao juiz federal Sérgio Moro.
Pedro Corrêa
Pedro Corrêa foi o primeiro político a decidir fazer delação premiada. Seu depoimento foi homologado em agosto, quando o ministro do Supremo Edson Fachin validou as informações que ele prestou e referendou o acordo com os investigadores.
Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar em Pernambuco. Pedro já havia sido condenado no processo do mensalão e, quando foi preso na Lava-Jato, em 2015, cumpria pena de sete anos e dois meses no regime semiaberto.
O delator disse que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teve o mandato cassado, era uma máquina de arrecadar dinheiro. Corrêa também contou que o ex-presidente Lula participou diretamente da nomeação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobras, uma das primeiras descobertas da Lava-Jato, confessadas na delação do próprio Costa.