Em relatório entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (10), o delegado da Polícia Federal Josélio Azevedo de Sousa solicitou que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido em inquérito na Corte sobre a Operação Lava-Jato. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (11) pela revista Época
Para justificar o pedido, o delegado diz que o petista “pode ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras”. A solicitação ainda será analisada pela Procuradoria-Geral da República. Pelas regras em vigor no STF, os pedidos da PF só são avaliados pelo ministro relator dos casos da Lava-Jato, Teori Zavascki, depois de uma manifestação formal do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Se Janot for contrário à ideia de Lula depor, o ministro do STF não irá ouvi-lo.
Em seu relatório, o delegado reconhece que não há provas do envolvimento direto de Lula, porém considera que a investigação “não pode se furtar à luz da apuração dos fatos” se o ex-presidente foi ou não beneficiado “pelo esquema em curso na Petrobras”, “obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal”.
Ao citar eventuais indícios sobre o papel de Lula no esquema da Petrobras, Sousa reconheceu que o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa apenas “presumem que o ex-presidente da República tivesse conhecimento do esquema de corrupção”, tendo em vista “as características e a dimensão do mesmo”. O delegado frisou que “os colaboradores, porém, não dispõem de elementos concretos que impliquem a participação direta do então presidente Lula nos fatos”.