Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2023
A Polícia Federal deflagrou operação Lucas 12:2 para apurar a venda irregular de presentes que o ex-presidente recebeu enquanto estava no cargo.
Foto: Isac Nóbrega/PRA Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo bancário e fiscal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A PF está analisando o material apreendido na Operação Lucas 12:2, autorizada pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que apura o suposto funcionamento de uma organização criminosa para desviar e vender presentes de autoridades estrangeiras durante o governo Bolsonaro.
Na última sexta, a PF apreendeu o celular do general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que também é investigado. O aparelho foi desbloqueado e está sendo periciado. Além disso, a PF analisa um HD que estava dentro de uma mala na casa de Lourena Cid.
Os agentes ainda apreenderam mídias e computadores nos endereços de outros investigados: o advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro, e o segundo tenente Osmar Crivelatti, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, e atualmente é assessor pessoal na cota a que ele tem direito como ex-presidente.
Conforme as investigações da PF, há fortes indícios de que os quatro negociaram e venderam, ilegalmente, joias e outros presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais. A Polícia Federal identificou a negociação de quatro conjuntos de joias e objetos. Dois chegaram a ser vendidos e tiveram de ser recomprados quando o Tribunal de Contas da União determinou que eles fossem devolvidos.
A policia já pediu ao governo americano acesso as informações da conta bancária do general da reserva Lourena Cid. Os investigadores apontam que Cid, que foi colega de Bolsonaro na academia militar das agulhas negras, “seria a pessoa responsável por receber, em nome e em benefício de JAIR MESSIAS BOLSONARO, os recursos decorrentes da venda dos bens. Por fim, identificou-se que os recursos auferidos com as vendas eram encaminhados em espécie para JAIR BOLSONARO, evitando, de forma deliberada, não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal.”
Os investigadores também conseguiram ter acesso a um recibo que prova que, no fim de março, Mauro Cid sacou US$ 35 mil de uma conta em Miami na data em que, conforme a PF, ele recomprou parte dos presentes para entregar ao TCU.
Na representação apresentada ao supremo, a PF escreveu que “os elementos de prova colhidos demonstram que a “operação de resgate” envolveu MAURO CID, OSMAR CRIVELATTI e MARCELO CAMARA. No mesmo contexto, MAURO CID sacou a quantia de 35 mil dólares no Banco BB Américas, possivelmente de sua conta bancária, trazendo os recursos em espécie para o Brasil.”
Segundo a investigação em curso, os elementos reunidos indicam que havia uma organização criminosa no entorno do ex-presidente e que o grupo sabia que não podia vender os presentes no exterior.
A defesa de Jair Bolsonaro divulgou uma nota sobre a investigação.
“A defesa do presidente Jair Bolsonaro voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU ainda em meados de março, próximo passado — requerendo o depósito dos itens naquela corte, até final decisão sobre seu tratamento – o que de fato foi feito. O presidente Bolsonaro reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do poder judiciário sua movimentação bancária.”
A defesa do ex-presidente afirmou que as contas bancárias de Michelle Bolsonaro também estão à disposição da Justiça. E que a ex-primeira-dama não cometeu nenhuma irregularidade.
A defesa de Mauro Cid disse que não iria se manifestar porque não teve acesso aos autos.
A defesa de Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do gabinete adjunto de documentação histórica, disse que todos os objetos e presentes enviados ao gabinete foram devidamente tratados dentro da absoluta e estrita obediência à lei. Que esses fatos já foram esclarecidos à Polícia Federal e à Comissão de Ética da Presidência. E que ele está pronto para prestar qualquer esclarecimento complementar.