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Política “Me envie um novo cheque”: carta de Carlos Bolsonaro para banco na Flórida entra na mira da Polícia Federal

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O documento traz uma carta escrita por Carlos Bolsonaro, em inglês, à instituição financeira Truist Bank, na Flórida.

Foto: Renan Olaz/CMRJ
O documento traz uma carta escrita por Carlos Bolsonaro, em inglês, à instituição financeira Truist Bank, na Flórida. (Foto: Renan Olaz/CMRJ)

Em meio às investigações sobre a Abin Paralela, a Polícia Federal (PF) encontrou cópia de uma carta assinada pelo vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) a um banco na Flórida, nos Estados Unidos, referente a uma conta que o parlamentar manteve até setembro do ano passado. Carlos relata “dificuldades” para receber um cheque do banco. Ele pede a emissão de um novo cheque e que seja encaminhado para a agência em que ele abriu a conta – indicou que ele mesmo pegaria o cheque.

O documento entrou na mira da PF, assim como um bilhete manuscrito, no qual Carlos Bolsonaro anotou um endereço na capital americana. O vereador alertou que já não havia mais nenhum de seus familiares em Washington para receber o cheque.

Os investigadores devem averiguar se há alguma irregularidade nas operações da conta, assim como uma eventual ligação de movimentações financeiras com a suposta atuação do filho 03 de Bolsonaro no ‘núcleo-político’ ligado à “Abin Paralela”. Na carta, Carlos menciona que fechou sua conta em setembro do ano passado e diz não ter recebido o cheque emitido pelo banco na ocasião.

A correspondência foi apreendida em uma fase anterior da Operação Última Milha, em janeiro, quando o vereador foi alvo de busca e apreensão. O documento foi reproduzido na representação da PF ao Supremo Tribunal Federal (STF) para deflagrar a quarta fase da ofensiva, que prendeu cinco investigados na última quinta-feira (11). O achado é detalhado em um relatório elaborado pelos investigadores que ainda não foi tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes.

Na representação da Última Milha 4, a carta foi reproduzida após a Polícia Federal apresentar diálogos travados entre dois ex-integrantes da Abin Paralela. Nas conversas, os policiais federais Marcelo Bormevet e Carlos Magno discutem a possibilidade de o então presidente Jair Bolsonaro “invocar” o artigo 142 da Constituição dos EUA – em referência a um golpe de Estado.

A PF suspeita que a Abin Paralela sabia da minuta de golpe. Além disso, argumenta que as ações de arapongagem levaram aos atos extremistas do 8 de janeiro.

A PF aproveitou a deixa – Bolsonaro nos Estados Unidos – para destacar, “em razão da pertinência temporal das ações realizadas em dezembro de 2022”, a carta redigida por Carlos Bolsonaro. Os investigadores não fazem maiores indicações sobre o conteúdo do documento.

A corporação ainda deve se aprofundar no tema, como já indicou que vai fazer com relação a indícios de corrupção encontrados na Abin Paralela, além da suspeita de tentativa de embaraço às investigações e identificação de outros possíveis integrantes do grupo.

A Polícia Federal vai pedir a quebra do sigilo fiscal do vereador para verificar se ele manteve uma conta bancária nos Estados Unidos. O foco dos investigadores é verificar se a conta atribuída ao vereador era declarada por ele, já que a não declaração de contas no Exterior pode configurar crime de evasão de divisas.

“Destaca-se, por oportuno, em razão da pertinência temporal das ações realizadas no mês de dezembro de 2022 em especial o fato de o então Presidente da República — JAIR BOLSONARO – estar nos EUA, nos termos da IPJ Nº 2557670/2024, o Sr. CARLOS BOLSONARO em 11/12/2023 redigiu carta endereçada ao TRUIST Bank, na Flórida, Estados Unidos da América, informando que estava tendo dificuldades para receber o cheque emitido pelo banco. Nesta carta, o investigado solicita que o cheque seja encaminhado para determinado endereço em Washington DC”, diz a PF no relatório.

 

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