A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta semana a segunda fase da operação Overclean, que apura desvio de R$ 1,4 bilhão a partir de emendas parlamentares. Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão preventiva.
Os alvos são de Brasília (DF), Salvador (BA), Lauro de Freitas (BA) e Vitória da Conquista (BA). São agentes públicos envolvidos em esquema coordenado pelo empresário Mauro Moura, o “Rei do Lixo”.
Conforme informações da CNN Brasil, entre os presos está um operador do grupo, apontado como Carlos André.
Também foram detidos o vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro (Republicanos), além do secretário de mobilidade e ex-chefe de gabinete de Vitória da Conquista, Lucas Dias e um agente da PF.
Além dos três, a PF cumpriu ordem de afastamento contra Lara Betânia Lelis Oliveira, servidora de Vitória da Conquista. Ela também foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Vidigal Cafezeiro, do Republicanos, foi eleito vice-prefeito de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, em 2020. Na ocasião, a chapa foi encabeça pela atual prefeita, Moema Gramacho, do PT.
Nas eleições de 2024, Vidigal decidiu apoiar Débora Regis, do União Brasil, que acabou derrotando o petista Rosalvo.
Já Lucas Dias, secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista, a cerca de 500 km da capital baiana, exerceu diversos funções na administração municipal até assumir a pasta em 2022.
Anteriormente, Lucas atuou na subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na cidade baiana, onde chegou a presidir a Comissão de Combate à Corrupção.
A Operação Overclean faz parte de uma força-tarefa da PF, Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal e a Controladoria-Geral da União que já prendeu mais de 20 pessoas desde o começo de dezembro, incluindo outras regiões do País.
Entre os presos na primeira fase da operação está José Marcos Moura, empresário conhecido como “Rei do Lixo”. Na última semana, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) concedeu a soltura do empresário, segundo apuração do analista da CNN Brasil Caio Junqueira.
Entenda
A investigação começou em 2023, após uma denúncia de lavagem de dinheiro envolvendo sócios de uma empresa contratada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) sobre projetos executados a partir de 2017.
A apuração revelou que a organização criminosa usava empresas de fachada e “laranjas” para fraudar contratos públicos e lavar dinheiro. A ação apura fraudes licitatórias, desvios de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
O inquérito aponta que a organização criminosa direcionava recursos públicos vindos de emendas parlamentares e convênios para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais.
O esquema envolvia superfaturamento em obras e desvios de recursos, facilitados por interlocutores que manipulavam a liberação de verbas para projetos previamente selecionados.