Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2023
Um dos presos foi assessor da Presidência da Alerj durante o mandato de André Ceciliano (PT)
Foto: ReproduçãoCinco pessoas foram presas e duas ainda são procuradas durante uma operação do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro que investiga superfaturamento na compra de dez respiradores durante um dos picos da pandemia de Covid-19, em 2020.
Durante a operação, chamada Éolo, também foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão no Recreio dos Bandeirantes e em Barra de Guaratiba, na Zona Oeste da capital; em Mangaratiba, na Costa Verde; em São João de Meriti, Nilópolis e Mesquita, na Baixada Fluminense; em Laje de Muriaé, no Noroeste Fluminense; e em Carmo, na Região Serrana.
Segundo as investigações, os aparelhos custavam cerca de R$ 40 mil cada um, mas foram comprados por R$ 99 mil cada e com verba da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Os aparelhos que foram testados sequer estavam funcionando.
“Em 2020, a Alerj autorizou uma verba a cada município, de R$ 1 milhão, para combater a pandemia. Um assessor, sabendo que essa verba chegaria, fez contato com os prefeitos, combinando uma simulação de licitação para favorecer determinada empresa pra aquisição de respiradores superfaturados”, afirmou o delegado da 112ª DP (Carmo), Herbert Tavares.
O ex-prefeito de Carmo, Paulo César Ladeira, foi alvo de busca e apreensão. Ele chegou a ser preso em uma fase anterior da operação. Um dos presos foi Rui Tomé de Souza Aguiar. Na época da compra dos equipamentos, ele era assessor da Presidência da Alerj, que estava sob o comando do deputado André Ceciliano (PT). Segundo as investigações, ele usava a função para conseguir negociar as falsas licitações com prefeitos e gestores públicos.
Atualmente, Aguiar é lotado no gabinete do filho de André Ceciliano, o deputado estadual Andrezinho Ceciliano (PT).
“Ele informava aos prefeitos, não só ao prefeito de Carmo, acerca desse valor de emenda de R$ 1 milhão, informando, inclusive, que não era necessário licitação e já indicava o telefone daquele que ele gostaria que fosse contratado. Ou seja, era como se fosse uma venda casada. Ele dava a emenda e já indicava quem deveria ser beneficiado com o contrato”, afirmou a promotora do MP Glaucia Rodrigues Torres de Oliveira Mello.
Também foram presos Alex Sachi da Silva, Jubert Silva Cardoso, Nielsei Souza de Melo e Thiago Cardoso de Castro. Thiago é apontado como o proprietário das companhias envolvidas na contratação e, segundo o MP, tinha as empresas registradas em nome de laranjas. Foram apreendidos ainda carros, R$ 30 mil em espécie, uma arma registrada, celulares e documentos.
O MP denunciou à Justiça 14 integrantes do grupo pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, contratação direta ilegal e fraude nos contratos de licitação, lavagem de dinheiro, entre outros.
Após a operação, o deputado Andrezinho Ceciliano informou que pediu a exoneração de Rui Aguiar de seu gabinete e que irá acompanhar os trâmites da Justiça ao caso.