Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 29 de fevereiro de 2024
A Polícia Federal prendeu preventivamente dois empresários donos de uma rede atacadista do Distrito Federal. Joveci de Andrade e Adauto de Mesquita são suspeitos de terem contratado um trio elétrico e fornecido alimentos, lonas e água ao acampamento golpista montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Eles negam as acusações.
As ações são cumpridas no âmbito da 25ª fase da Operação Lesa Pátria, que tem como foco o núcleo de financiadores dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Os agentes cumprem ao todo três mandados de prisão preventiva e 24 de busca e apreensão em oito Estados – Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal.
A defesa dos empresários afirmou que eles forneceram voluntariamente a senha dos celulares, que foram apreendidos pela PF. “Não houve resistência nenhuma. Eles são pessoas sérias e honradas e têm a crença na democracia”, disse o advogado Iure de Castro, que defende a dupla.
“Ressalta-se que, desde o início, houve esforços para esclarecer todos os fatos, compromisso que será mantido perante o Supremo Tribunal Federal. A realização de apurações pelo Estado é considerada válida, e os investigados veem agora a oportunidade de elucidar completamente as questões em aberto. O Grupo ao qual Joveci e Adauto são acionistas reitera que é contra o vandalismo e a intolerância política, e acredita que a democracia é feita com pensamentos diferentes, mas jamais com violência. A diretoria do Grupo respeita as Instituições brasileiras, a democracia e o Estado de Direito”, diz nota enviada pelo advogado.
Andrade e Mesquita foram indiciados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro do Congresso Nacional sob acusação de incitação ao crime. Os dois também foram incluídos no relatório final da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF, à qual prestaram explicações em 2023.
À CPI do DF, Andrade negou que tenha financiado o acampamento e disse estar arrependido de ter ido à manifestação, à qual classificou como “estupidez”.
“É difícil tirar dinheiro de comerciante”, disse ele em oitiva ocorrida em abril de 2023. O empresário contou ao colegiado que chegou “próximo à rampa” do Palácio do Planalto no dia 8, mas não invadiu nenhum prédio público.
Mesquita, por sua vez, admitiu na comissão que fez “pequenas” doações para os acampados, mas negou que fosse o responsável por bancar o grupo de bolsonaristas.
“Tive quatro doações pequenas que estão aqui, no meu extrato. Uma de R$ 100, de R$ 110 e outra de R$ 1 mil. Foram três — disse ele, que também se disse arrependido por ter participado do movimento de contestação do resultado eleitoral.
Com base na quebra de sigilo bancário, a CPI do DF concluiu que a dupla foi responsável por contratar um trio elétrico que foi utilizado no acampamento golpista. Mesquita teria intermediado a locação do veículo por três dias pelo valor de R$ 30 mil. Eles negam essa acusação.
Terceiro preso
O terceiro alvo que foi preso é o empresário do ramo madeireiro Diogo Arthur Galvão. Ele divulgou o seu PIX para levantar recursos para uma caravana que partiu de Campinas a Brasília. Em suas redes sociais, ele falou em preparação de “guerra” e chamou o ato de “tomada de Brasília”. “Ou tomamos Brasília ou Brasília toma o Brasil”, publicou ele. Segundo as investigações, ele também gravou vídeos de dentro dos prédios públicos invadidos no dia 8 de janeiro.
As ações da 25ª fase da Lesa Pátria foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo a PF, os alvos são suspeitos dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.