Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 19 de junho de 2015
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal afirmaram nesta sexta-feira (19) que as empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez, alvos da 14ª fase da Operação Lava Jato, agiam de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. Esse diferencial, de acordo com o Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador do MPF (Ministério Público Federal), estava no pagamento de propina a diretores da estatal via contas bancárias no exterior.
Segundo a PF, há indícios de que os presidentes das empresas, presos nesta sexta, participaram de negociações que levaram à formação de cartel e direcionamento de licitações feitas pela Petrobras. Eles “tinham pleno domínio de tudo o que acontecia na empresa”, disse o delegado Igor Romário de Paula à imprensa, em Curitiba.
A 14ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta sexta-feira em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Foram cumpridos 10 mandados de prisão, 38 de busca e apreensão e 8 de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.
Em nota, Odebrecht disse que a ação policial é desnecessária porque a empresa e seus executivos sempre estiveram à disposição para esclarecimentos.
A Andrade Gutierrez negou relação com os fatos investigados na Lava Jato. Veja a íntegra das notas ao final do texto.
“A Andrade Gutierrez informa que está acompanhando o andamento da 14ª fase da Operação Lava-Jato e prestando todo o apoio necessário aos seus executivos nesse momento. A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível”, informou a construtora por meio de nota.
A Odebrecht, cujo presidente foi apontado por diversos delatores como um dos líderes do cartel de empresas que participavam do esquema na estatal, também divulgou nota sobre a ação: “Como é de conhecimento público, a CNO [Construtora Norberto Odebrecht] entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da Operação Lava-Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações”.
O juiz federal Sérgio Moro citou no mandado de prisão que há uma prova material de pagamento de propina “no qual consta expresso o nome da Odebrecht como responsável pela transação”. Ele cita um suborno de 300 mil dólares para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, feito em setembro de 2013, por uma empresa do Panamá chamada Constructora Internacional Del Sur, que o magistrado liga à Odebrecht – a empreiteira sempre refutou que fosse a controladora dessa firma.
Marcelo Odebrecht é um dos alvos da operação que investiga desvios de recursos da Petrobras (Foto: Divulgação)
Em Porto Alegre, foram cumpridos dois mandatos de busca e apreensão e um de condução coercitiva. A Lava-Jato foi deflagrada em março de 2014 e investiga um esquema bilionário de desvios de recursos da Petrobras.
Em denúncia contra a Camargo Corrêa, a Procuradoria cita diversas vezes a empreiteira Odebrecht e o executivo Faria como líderes do cartel das empreiteiras, ao lado do dono da UTC, Ricardo Pessoa. O nome do executivo também foi citado em depoimento à Justiça do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que reconheceu ter recebido dinheiro da Odebrecht. Os procuradores, porém, não detalham a participação de Farias e da Odebrecht, afirmando que o caso do cartel está sendo investigado em outra ação.
Nas primeiras 13 fases da Lava-Jato, a PF cumpriu mais de 400 mandados judiciais, que incluem prisões preventivas, temporárias, busca e apreensão e condução coercitiva. (Folhapress e AG)