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Polícia Federal prende policiais militares suspeitos de vender armas para facções

A maior parte tramita no Rio de Janeiro e versa sobre corrupção passiva. (Foto: Divulgação/PF)

Uma força tarefa comandada pela Polícia Federal (PF) da Bahia deflagrou nesta terça-feira (21) a operação Fogo Amigo, que mira uma organização criminosa formada por policiais militares dos Estados da Bahia e de Pernambuco, CACs (colecionadores de armas, atiradores e caçadores) e comerciantes de armas e munição.

A investigação descobriu um esquema multimilionário de venda ilegal de armas e munições para facções criminosas da Bahia, Pernambuco e Alagoas. Pelo menos 18 pessoas foram presas e uma baleada em confronto com as forças de segurança. De acordo com as apurações, policiais apreendiam armas irregulares e desviavam para o esquema, em vez de levá-las à delegacia.

Esses armamentos são utilizados frequentemente em assaltos a carros fortes e agências bancárias por quadrilhas especializadas nesse tipo de crime, chamadas de “novo cangaço”. São ações que mobilizam um grande número de criminosos para bloquear ruas e rodovias e evitar a reação de forças de segurança, geralmente em cidades de interior.

Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, comercialização ilegal de armas e munições, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, com penas somadas que podem chegar a 35 anos de reclusão.

A pessoa baleada na operação desta terça foi identificada como Diego do Carmo dos Santos. O confronto aconteceu em Salvador. As investigações apontam que Diego do Carmo fez 16 encomendas aos investigados. A primeira delas ocorreu em 14 de fevereiro de 2022, e a última, em 6 de junho de 2023.

Na operação, foram apreendidas ao menos 20 armas de fogo (a maioria pistolas 9 mm) e milhares de munições, de todos os tipos, incluindo de fuzil. Em uma casa em Salvador, a força tarefa encontrou mais de 400 munições de fuzil. O dono do arsenal ilegal foi preso em Petrolina (PE).

Segundo fontes da força-tarefa, também foram apreendidas dezenas de celulares e computadores. O material vai passar por perícia, para identificar mais suspeitos de integrar o esquema.

De acordo com as apurações, uma grande quantidade de munições e armamentos foi desviada para facções criminosas por meio de um esquema fraudulento de inserção de informações falsas nos sistemas oficiais de controle e fiscalização.

Um sargento da PM de Petrolina movimentou, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), aproximadamente R$ 2,1 milhões em um período de pouco mais de seis meses entre os anos de 2021 e 2023, valor considerado pelas investigações como totalmente incompatível com os seus rendimentos na polícia.

Ainda de acordo com um dos investigados, que firmou acordo de delação premiada, o grupo comandado por esse sargento da PM chegava a vender cerca de 20 armas de fogo por mês.

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